sexta-feira, 9 de maio de 2008

Patativa do Amor cantora de Martinopole

O preconceito é mortal! Principalmente quando se trata de uma gente sem referência cultural, social ou humana. Eu gostaria muito de ser mais apurado musicalmente. mas de música não entendo. Mas sou perfeitamente capaz de definir o que é bom de algo indigesto. Sei, que em Martinópole existe uma cantora(!) Ou se preferirem os incultos uma mulher que canta. Eu precisava conhecê-la. Alguns diziam: Ela não canta. Você vai só perder seu tempo. Mas ao mesmo tempo em que ouvia isso, eu me perguntava quem são essas pessoas que podem ou não (ou pelo menos se acham capazes de julgarem a arte de uma de alguém chegando mesmo a condená-la?) Eu precisava ouvi-la. Eu precisava conhecer essa peregrina da arte. Conheci PATATIVA DO AMOR. Uma senhora movida ao canto, uma mulher que traz em sua mente um ideal musical. Ela fala de música de uma forma impar que é impossivel aos sensíveis nao encontrarem uma carga emocional diante seus depoimentos e sua batalha incessante. Patativa do Amor me cantou algumas de suas canções. Letra e melodia ela possui. Patativa é artista porque é uma autêntica representante daqueles que batalham e processam suas vidas numa tentativa gigante que é vencer a maior barreira: destruir a visão daqueles que não sabem o valor de quem acredita no próprio ideal. Patativa tem sim, talento. E o desenvolveu como foi possivel numa terra onde as regras são ditadas pelos incultos e pelos insensiveis. Eu trouxe o CD dela, um Cd patrocinado por seu humilde salário como definiu Jander Bel. Alias foi ele, Jander a primeira pessoa a me falar sobre Patativa. Ninguem da cidade me falava sobre ela, era como se ela não fosse um de nossas referências artistícas. Patativa é analfabeta, não tem estudo, mas isso não invalida sua veia poética. Sua trajetória a favor da música é merecedora de aplausos. Eu puxo aplausos e ovaciono Patativa com suas melodias, suas letras cheias de sensibilidade, embora seja as concordâncias e um portugues ruim, mas isso não tira o gesto largo que é sua inserção no canto.

Patativa, essa página é dedicada a você. A você que quando diz que vem, logo chega. A voce que não perde seus compromissos e nem sua eterna juventude que é a música, que é o sonho que a leva e traz percorrendo caminhos diversos... o caminho da arte é estreito quando o quesito é reconhecimento. Vivemos em um país... e no nosso caso em um meio onde as regras segundo um historiador de teatro, Marcelo Farias Costa, são dadas por uma gente descompromissada e sem a menor vocação para saber a sensivel diferença entre o o joio e o trigo.

Patativa, a incompreensão é um obstáculo... não o assassino maior de nossa íntima percepção artística. Vivemos em um meio onde o refrão do "segura o tchan" reflete a terrivel miopia de uma gente que dita as regras, mas não assegura o patrimonio histórico de nossa nação.