quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Em Março Inauguração do Memorial


MEMORIAL SIMEÃO MOREIRA
CASA DA CULTURA MARTINOPOLENSE
ANTÔNIO MARCELO CARNEIRO
INAUGURAÇÃO MARÇO DE 2008

Iniciativa de Antônio Marcelo Carneiro


APRESENTAÇÃO:

Martinópole, uma cidade Cearense, localizada na zona norte do Estado, a distância de 304 km por rodovia, e 246 Km distância em linha reta, de Fortaleza, com 10.198 habitantes. A cidade ainda não apresenta nenhuma referência cultural para a região norte nem tão pouco para seus próprios habitantes. Com o retorno de Antônio Marcelo Carneiro, teatrólogo Martinopolense, a cidade pode aguardar a primeira casa de cultura da cidade. Uma casa que tem como objetivo ser guardiã da tradição ou mesmo de resquícios de uma cultura pertencente ao município. Antônio Marcelo pretende sediar o primeiro Memorial e Acervo Cultural da cidade. Já que as políticas públicas da cidade não têm interesse e nunca despertaram para essa iniciativa. O Memorial se localiza no centro da cidade , na rua Manoel Feijó no 293 , Centro Martinópole-Ce.

Um poeta e romancista local dá nome ao Memorial: Simeão Moreira do Nascimento. Antonio Marcelo destaca a importância em homenagear este poeta que mesmo distante de uma civilização cultural não deixou de dar sua contribuição ás artes - falada e escrita. Esse Memorial pretende desenvolver cursos, oficinas e palestras com abordagens diversas. Promovendo assim a diversidade cultural do município. Trazendo para a população uma alternativa de eventos voltados para os moradores da cidade, como também para a criação de um celeiro artístico que possa ser representativo dentro e fora de Martinópole. Essa idéia de criar a Casa da Cultura vinha sendo alimentada há longos anos, mas só agora se torna possível a execução do projeto.

Publico alvo:

Toda a população em geral, independente de cor, crença e tendências partidárias. É de fundamental importância nesse Memorial agrupar todas as tendências artísticas e culturais vigentes ou remanescentes na cidade. E que o Memorial não se restringe apenas aos filhos da terra, mas também aqueles que possam e queiram contribuir com o projeto, por isso é defendida uma cultura de todos. É importante também somar com aqueles que embora não façam arte, mas que possam vir a ser nossos apoiadores. E estes são as pessoas que não exercem nenhuma manifestação artística, mas são apreciadores culturais.

Dentro da proposta de seu fundador Antônio Marcelo, o Memorial vai promover eventos culturais dentro da cidade, como também fora do município. Já estão sendo lançados alguns cartazes de mostras de teatro, música e artes plásticas, visando despertar a população para o inicio de uma gestão cultural. O Memorial se propõe a desenvolver artisticamente todos aqueles que tenham interesse artístico e até então não haviam encontrado meios para se interligarem. Há também, dentro do Memorial a proposta do lançamento de um livro com todas as vertentes culturais vigentes na cidade de Martinópole. O livro deverá abordar as personalidades que fizeram a história e também os que estão fora do município. Ele livro virá como cartão de visita da cidade de Martinópole, assinada pelo Memorial, sob a batuta do próprio idealizador do projeto, assim tendo oval que nada e ninguém serão excluídos. É importante arquivar o passado e a memória de um povo para que a cidade não se perca no mapa cultural.
A Casa que está sediando o Memorial é alugada e mantida pelo próprio fundador, e estará aberta a visitação de segunda a sexta, no horário comercial. E a cada semana estará planejando seminários voltados para todas as classes, homens, mulheres, adolescentes e crianças. E há uma proposta também relevante que é trazer para a sociedade um histórico cultural que venha a ser espelho para as cidades vizinhas.
Antônio Marcelo Carneiro é escritor, ator e diretor teatral profissional, tem 33 anos, e residindo em Fortaleza esteve ligado a cultura teatral.

Dos eventos:

Festival de teatro municipal
Festival de teatro regional
Festival literário
Festival de música
Mostra de talentos (agrupando todas as tendências)
Mostra de artes plásticas
Revisitando os bairros( projeto teatral e musical)
Cantando na praça
Pintando na praça
Recital poético
Luarada cultural
Implantação do Jornal “ Martinópole.com”
Visitando as cidades, projeto de integração cultural
(levar a cidade a participar de festivais pelo Ceará)
Roda de capoeira
Cursos para capacitação artística
Lançamento do livro sobre a diversidade cultural do município
Oficinas literárias
Apreciação musical passeando por diversos compositores
Integração de jovens e atividades esportivas
Festas temáticas

OBJETIVO:

DESENVOLVER CULTURALMENTE E INTELECTUAL O MUNICIPIO DE MARTINÓPOLE.
PROMOVER A CULTURA LOCAL E OS ARTISTAS.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O Início da Cidade de Martinópole

O municipio de Martinópole surgiu por volta da metade do século XIX. Algumas pessoas vindas de outras localidades (Santa Quitéria, Santana do Acaraú, Cratéus, Riachão( hoje Uruoca), começaram a fixar residência proxima a uma lagoa que recebeu o nome de Angica. Esse nome foi dado a lagoa por causa de um pé de angico que havia nas proximidades. O ano de 1877 foi marcado por uma forte seca e assim, as pessoas começaram a se aglomerar na lagoa angica.
As primeiras famílias:
Paulino Sampaio
Porfírio Gomes
Brito
Feijó
Melo e outras
A cidade passou a chamar-se Angica. em 1917 a cidade recebeu oficialmente o nome de Martinópolis. recebeu esse nome em homenagem ao padre Vicente Martins da Costa (pároco da cidade de Granja, que muito prestou serviços a este povoado). Portanto Martinópolis tem em sua tradução o significado: Cidade de Martins.
Mas depois foi constatado que no Estado de São Paulo havia uma cidade com o mesmo nome. E que em conseguência disso havia muita troca de correspondência. Naquela época o transporte era a linha Ferrovia. E até mesmo as iniciais eram semelhantes.
EFS - Estrada de Ferro de Sorocaba (no Estado de S. Paulo)
EFS - Estrada de Ferro de Sobral (no Estado do Ceará)
E nessa alteração ficamos nós com o nome alterado e portanto definitivo: MARTINÓPOLE
Fonte bibliográfica: Livro Breve Histórico da Cidade de Martinópole, Monte, Adaulto 1997.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

POR UMA CULTURA DE TODOS

Martinópole Precisa de Você - Gente da Gente

Antônio Barros Passos teatro
Carlos Augusto empresario musical
Adalberto Veras dança
Neto Almada teatro
Ary dança
Antônio Marcelo teatro e literatura
Welitânia Frota teatro
Olimpio Martinopolense
musica
Francisco Alves Pereira divulgação cultural
Netinho da Adriana musica
Rafael(Mineiro) musica
Helano Miranda artesanato
Denis
musica
Gorete Dourado teatro e incentivo cultural
Manoel Frota Neto
teatro
José Raimundo dança teatro e incentivo as artes
Adriana Alves Reisado
Megilino literatura
Maria da Graça musica
Valdelio Monte musica
Vilmar
dança
Ariane Barros teatro
Edcarlo Félix reisado
Patativa do Amor
musica
Toinho da Paraiba musica
Inacio Paixão literatura
Paulo Henrique artes plásticas
Helaidiane Almada teatro
José Abreu dança e teatro
Zé Carlos musica
Francisco Erivelton dança
Tânia Salomé literatura e teatro
Zé Raposo musica
Inês Rocha incetivo as artes
Washington teatro
Kiko Barros comunicação
Raquel Ferreira musica
Paulo Carlos Sousa dança
John Weylly educação e cultura
Enézio Dourado
musica

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Fotos da Cidade: presente e passado

Calcada Excelente para o bate papo Igreja Imaculada Conceição
Forum Emilio Serafim

Contruido em 2007
construção recente. 2007
Prefeitura Contruida nos ano 90







sábado, 26 de janeiro de 2008

RETRATO ARTISTICO DE ANTONIO MARCELO


Antônio Marcelo Carneiro
Este é um de nossos patrimônios Artisticos
Nascido em 14 de abril de 1974

"Por uma Sociedade Humanamente Diversa
Completamente Livre e
Sociedade igual"

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

MARTINÓPOLE.COM Entrevista Antonio Marcelo c. edição 1


Domingo, 23 de Setembro de 2007

Edição Especial 01
Martinópole.com


UM PONTO NA REFLEXÃO.

Deus dá o dom para cada um de nós.... Deus fez o homem livre, mas a sociedade constituída pelas leis dos homens, fez o homem um ser aprisionado por dogmas e estigmas. Quando Deus fez o homem , ele, eu creio, que não fez distinção de cor, nem raça, nem sexo. Todas as formas de prisão estão atreladas a vontade de uma sociedade autoritária e pouco humanista. Será que o negro nasceu para servir o branco? Claro que não, mas isto foi registrado pela história. Será que a mulher veio para servir o homem? É lógico e evidente que não. Mas o machismo achou meios para povoar este conceito na consciência da humanidade.
E a juventude que rumo está dando para o seu encanto? Que Influência sócio-cultural ela está recebendo? O ser humano parece que está em desencontro consigo mesmo. Tenho me perguntado em que e em quem podemos acreditar? E por que acreditarmos? No novo que se ergue? No velho que parece perder a força, mas não se entrega? Onde estão nossos sonhos? Nossos ideais? Será que eles foram vendidos? Não, não foram. Nenhum de nós seria canalha para negociar a nossa essência humanamente diversa. Nossos sonhos, nossos ideais foram roubados pela canalhice humana de outros que se transformaram em ídolos, em pessoas de nossa inteira devoção; e são estes, os ídolos, que castram a nossa liberdade, que corrompem a nossa dignidade. Nossos ídolos são admirados por nós e como eles nos olham? Infelizmente, muitas vezes não somos e nem fomos olhados. Nossos ídolos não nos olham porque têm a mente e o coração fechados em nome de uma prepotência arrogantemente assumida. E não enxergam que dentro de nós, existe um ser pensante que sonha, que acredita, que ama, que chora e rir. Somos sentimentais, e isto é bom porque estamos interligados com a pureza, com a inocência. Esta sim, a inocência, ninguém nos rouba, é tanto que ainda acreditamos em nossos enganadores, em quem nos traem. Nos mostramos, quase sempre, fracos, frágeis, mas não somos. No dia em que ficarmos de frente ao nosso espelho real, podemos perceber que somos fortes, e capazes de provocar mudanças em nós, no outro, e deixar que isso reflita no contexto social em que vivemos. Os doutores, pseudotratadores, da gente e da sociedade, que ajudamos a construir não conseguem mais na impercepção curar os nossos males que são ainda discutidos na sociologia humana, que ainda provoca miopia em cada um de nós que aprendemos a confundir bondade nossa com direitos negados.
Somos capazes de causar uma revolução interna dentro de nós, em busca de respostas filosóficas, abstratas ou concretas, sociais e psicológicas, humanas e culturais na perspectiva de conhecermos o novo. Não estamos condenados a uma vida inteira de tentativas frustradas. É preciso silêncio para que haja compreensão de nós mesmos ante a magia do verdadeiramente ainda não vivido por medo, por tentativas interrompidas na incivilização daqueles que comandam nosso espelho pelo avesso... Os homens que administram nossa invenção poética não querem que nossa voz se manifeste. O nosso pensar para eles representa o perigo e a ruptura com um sistema falho e enganador. Não precisamos de ídolos, precisamos de pessoas que saibam erguer as mãos, que compreendam o aguçar do ouvido na aprendizagem do ouvir.




Entre.....vista

Por dentro do pensamento
de Antonio Marcelo Carneiro



Navegue pela net, clique na barra de endereço, delete o que tiver nela, e digite: www.orkut.com Clique no seu link e acesse a comunidade “Sou de Martinópole” ou “Amigos de Martinópole”, e lá vai estar Antonio Marcelo C por excelência. No perfil há palavras fortes, frases intensas que apresentam o ator e escritor Martinopolense. Antônio Marcelo Carneiro, no começo dessa entrevista, sorri e diz – “Muito prazer, sou de Mart” (nome abreviado para referir-se a cidade onde nasceu). Sobre a mesa são contadas as peças de teatro que ele escreveu e montou em Fortaleza: Saga Nordestina, Sem Licença para Amar, Victória Capuleto, O Beco. A Dama dos Desprezados, Eu Sou Antes, Eu Sou Quase, Eu Sou Nunca, Canapum e Capunet nos Tempos da Brilhantina, Na Minha Piscina de Azulejos Azuis Nem Morta, No Escurinho do Cinema, Nosso Espetáculo É Uma Graça, Amigos para Sempre e Amores Marginais. Dirigiu também peças de outros autores, no projeto ABC montou com crianças e adolescentes peças que não podem ser esquecidas em seu histórico artístico: Cinderela, A Bela Adormecida e Alice no País das Maravilhas. Ganhou prêmios de melhor diretor, melhor autor e também prêmio em categoria especial. Fez parte do Grupo Balaio de Teatro que foi o guardião do Teatro Cearense. Antes do fechamento do Teatro do Ibeu-Ce, deu seguimento as suas atividades somente no Grupo que fundou há onze anos – QUIMERAS DE TEATRO.

Com sua saída de Fortaleza, o Grupo Quimeras de teatro chegará ao fim?
Nunca. Estou passando a tocha de líder. O Grupo está sendo passado para boas mãos. E eu estarei sempre participando das decisões importantes sobre o futuro dele. Não estou me desligando, estou voltando para a minha terra, e vou ver o que pode ser feito por lá. Vou fazer teatro, nem que seja eu e a patativa. Eu interpreto e ela canta.
Quem é Patativa?
Uma senhora de Martinópole, não conheço, me disseram que ela batalha pela música. E isto já é um motivo. Alguém por lá, acredita na arte.
Orgulho de ser Martinopolense?
Há emoção. E toda uma história que esta refletida em uma composição do Carlos Augusto que fala que quem conhece Martinópole jamais esquece. Nesta cidade nasci e me criei. Eu teria um orgulho impar, se eu visse o povo bem cuidado, meus amigos em desenvolvimento, meus familiares com uma perspectiva melhor, mas sobre isso houve um impedimento. Um impedimento muito particular que é reflexo direto de administrações sem embasamento cultural social e ético.
Quem?
Não há porque apontar. É todo um sistema nascido antes de nós. Nossa cidade tem 50 anos de história, ou seja, de emancipação. Mas antes já havia resquício de uma sociedade que se formava. E uma política me parece ser discípula de outra. Quem veio depois apenas recebeu a tocha, e isto é imoral. Imoral porque é perceptível que todos se formaram na mesma cartilha.
Você acha que pouco foi feito?
Pouco. Um município é fácil ser administrado, desde que haja pré-disposição política. Temos políticos gananciosos. Exemplo disso é ver uma bajulação muito própria ao poder. Por muito tempo houve grandes ensaios de tomada e retomada, mas caímos na mesmice. Há também, aqui, isto é inegável, uma paixão pela política que é sentida pelo eleitorado, mas isto precisa ser aliado a razão. É preciso pensar no que queremos e para onde vamos? Ou aonde iremos chegar?
Por que esse cartaz chamando os pensadores da cidade?
É um grito de alerta. É um chamado para que os que aqui estão se juntem, se somem. Dividir não é mais a saída. Uma cidade em desenvolvimento é referenciada pela cultura, pelos eventos sociais, pelo desenvolvimento humano de seus filhos. No cartaz é alertado que os que foram embora tinham relevante contribuição a dar. Eu fui embora levado por um sonho, o fazer teatral. Eu levei a bandeira da cidade. Em todas as entrevistas que concedi sempre mencionei Martinópole. Esta cidade é a raiz de todos nós, e ela não pode ser arrancada de nossas entranhas. A cidade é o espelho da sociedade, e vice versa. Nos anos 80, com a chegada do padre César, Martinópole teve uma efervescência cultural. E se tivesse havido apoio, o movimento não teria acabado. Até banda musical tínhamos. Hoje nossos músicos precisam ir para cidades vizinhas. A construção do salão paroquial deveria ter sido um divisor de águas. Está faltando alguém para sistematizar esse divisor.
A cidade teve novas construções, isto é visível.
Visível. Assim como visível é saber que uma pessoa que não tem nenhum conteúdo humano, está vestido com roupas de marcas caríssimas, mas não passa disso. As belas construções são fachadas, tem pouca utilidades. O Centro Cultural, para que exemplo maior? Um clube com piscina, com toda uma estrutura, abandonado. Quando houve um espetáculo ali? Em 2005, eu trouxe a Martinópole um espetáculo teatral – “Amigos para sempre”. Que foi um espetáculo comemorativo aos meus dez anos de teatro. E nele, está contida esta cidade, nele, eu homenageio as pessoas que me incentivaram a fazer teatro. E foi aqui. Eu comecei aqui. E quem poderia imaginar que hoje eu estaria registrado na cultura cearense? E assim como eu, nesta cidade tem talentos que precisam despontar. Falta ai determinação. E voltar hoje, me percebo em choque, em emoção detida em um projeto meu que é voltar. E outro que é a luta pela sobrevivência. Porque há uma incógnita meio a uma política acultural toda pautada na incoerência, mas tudo é possível.
Você tem medo de voltar?
Medo não. A minha natureza é arisca. E eu sei que sou bem vindo, aqui, eu não fui esquecido. Mas há sim uma preocupação. Eu volto com um projeto, uma proposta cultural para nossa gente. E gostaria de ter uma resposta positiva a isso. Defendo uma casa de cultura que exista, que funcione e possa agrupar os interessados sem nenhum aparthaid cultural ou mesmo político.
Por que não voltou antes?
Há tempo para tudo na vida. Mas é interessante, em 2004 estive aqui, e encontrei no cargo da cultura, uma pessoa sem a menor bagagem cultural, sem nenhuma referência artística. Uma pessoa vinda de Fortaleza que ninguém conhece por lá, que nunca foi ator, nunca foi escritor, nada. E aqui mesmo havia gente capacitada para o cargo. Não entendo o que se passa na cabeça do poder. É necessário valorizar nossa gente. Tem profissional daqui no setor da educação dirigindo colégios em Fortaleza, quando na verdade, esse profissional queria estar aqui. Muita gente boa está fora por falta de opção, mas eu sei que elas gostariam de estar contribuindo com o desenvolvimento de nossa cidade. E por que não voltei antes? Por diversas vezes, tentei voltar, mas eu trazia essas mesmas propostas e me deram o silêncio como resposta. Não quiseram minhas idéias, elas foram deixadas para depois. E este depois chegou. Estou voltando por conta própria, por vontade minha que é estar aqui. Estarei vez e outra fazendo trabalhos em Fortaleza, mas minha residência é aqui.
O festival junino de 2004?
Eu estava na cidade e fui convidado improvisadamente para compor o júri. E aquilo foi um gesto lamentável. Logo após oficializar o resultado, me retirei do Clube... a quadrilha vencedora naquele ano foi a quadrilha de Cariré, e quando retornei ao clube mais tarde, a quadrilha vencedora havia sido desclassificada. Ou seja, a melhor quadrilha não recebeu o prêmio porque houve um boicote. Na noite posterior, me recusei a fazer parte do júri. Não somos marionetes para acatarmos manipulação. Manobras e golpes desse gênero só esvaziam a cidade, porque ninguém é bobo para voltar a um festival promovido a conchavos e negociatas. A tradição é destruída em nome de picuinhas e eventos mal ensaiados.
Quem hoje faria cultura nesta cidade?
Qualquer pessoa que tenha sensibilidade poderia se engajar nisso. Hoje não há dúvida, Carlos Augusto é o expoente máximo, referindo-se a cultura musical. Tem gente que não comunga com estilo musical, mas não deixa de ser a referência que temos. Agora peguei para ler um livro do Adauto Monte sobre a história da cidade, mas ainda não encontrei nenhum registro cultural nele, o livro está mais voltado para a política mesmo. E eu gostaria de ler e ter a certeza que é um livro imparcial. Quando um historiador se mostra imparcial a obra tem um valor universal mas estou observando que o livro conta apenas um período da história. Ou seja, fatos mais recentes. Inácio Paixão, Tânia Salomé também são nossa referência. O Inácio precisa ser revisitado, ele tem potencial artístico; Tânia Salomé está no Acre, e escrevendo para teatro. Não posso esquecer o Megilino que é uma pessoa sensível as manifestações artísticas, que escreve também. Agora o meio não o deixou desenvolver sua arte, mas é uma pessoa politizada, informada sobre o que acontece no país. E quero essas pessoas do meu lado. Preciso também rever se Simião Moreira (Que era tio do meu pai) deixou alguma coisa escrita. Ele era um repentista, um poeta apaixonado pela literatura de cordel. Estamos divididos, estamos vivendo em centros diferentes. É preciso unificar a cultura através dos que existem, esquecendo essa bobagem de política A e B. Se não for feito isto, iremos desaparecer no mapa. Já perdemos o titulo que era nosso: a terceira cidade em produção de castanha do Ceará. Então, toda soma que venha a ser em beneficio da cidade será bm vinda. Acredito que agora em 2008, a geração dos anos 80 possa ser percebida e retomada pelas gerações 90 e 2000. Precisamos de apoio, e todo mundo será bem vindo: músicos, poetas, pintores, atores, artesões, educadores e pessoas que tenham interesse em ajudar porque gostam de cultura. Vejo nisso a nossa alternativa. Queremos gente para somar. Tem um rapazinho, bem jovem que é um pintor, tem uma pintura bacana, mas que está se perdendo por falta de oportunidade. O Paulo Henrique não pode trocar as telas pelas paredes. Eu lamento sempre que vejo um artista sufocando sua arte.
Você vai entrar na política?
Eu já entrei. Sempre tive convicções políticas e partidárias. Muito antes de votar, eu já fazia campanha para o Lula, para Maria Luiza Fontenele, Rosa da Fonseca, Moema Santiago e muitos outros. Tive boas referencias na política, principalmente as femininas. Acredito na garra da mulher. As mulheres geralmente têm mandatos mais generosos porque todas são mães, e as mães vivem intensamente o amor maternal que pode refletir na política com muito peso na hora de administrar. Em Fortaleza fiz parte da geração cara pintada, cheguei no final do movimento, mas deu tempo dar minha pequena contribuição. E agora é hora de trazer minha contribuição direta ao lugar onde nasci.
Nas eleições de 2008, poderá haver surpresas em Martinópole?
Eu não diria surpresa, mas uma resposta provocada pelo profundo cansaço que as pessoas sentem e já não podem mais esperar, as pessoas estão cansadas de discursos vazios e bajulações supremas. Há uma disputa em Martinópole que é mais luta de ego do que mesmo disposição para administrar. E a cidade não pode ser refém de egos que se inflamam. Este astrocismo precisa chegar ao fim. Vivemos aqui, um sistema político convicto que somos míopes, mas não seremos sempre.
Cansaço?
Sim, cansaço. E este cansaço se dá em muitos setores, é geral. Na saúde, bem recente houve a morte de uma jovem provocada por negligência médica. É um absurdo uma paciente ficar em coma numa cidade totalmente sem recurso hospitalar. E até quando ficaremos a mercê disso? Até a hora que somos atingidos diretamente? Acontece muita coisa, acidente envolvendo trabalhadores, por falta de segurança do trabalho. E nada acontece, não há nenhuma reparação aos danos, quem perde são as vitimas e seus familiares. Há problemas de pessoas que completam o tempo de se aposentar, e não conseguem porque não são instruídas e o poder publico vai levando como quer. Porque falta boa vontade. Então tendo em vista todos esses contrastes silenciados é possível que haja uma resposta e não uma surpresa. E por falar em cansaço, não se pode excluir a juventude, que não vê nenhum horizonte se não sair da cidade. É como se a saga se repetisse. Que projeto há voltado para ela? Nenhum. A cidade não oferece alternativa, até mesmo as diversões são raras e escassas. Os clubes são fechados a meia noite, e as pessoas se espalham pela cidade e deixam de ser o foco principal. Se esta é a melhor forma de proteger a juventude, é uma forma equivocada. Qual o projeto temático voltado para a criança? Não existe. Em 2006, a Secretária de Cultura do Estado fez o mapeamento cultural do Ceará, e Martinópole não está incluído porque não houve nada que fosse relevante para o município. É por isso que acredito que não podemos aceitar nem o passado como era, nem presente como está. Quando o povo desperta paixão não há milhão que vença a emoção, e acredito que Martinópole vai se apaixonar por um novo ideal, que é reconstruir a nossa sociedade, que é apagar o marasmo e fugir da mesmice. Bem no inicio dos anos oitenta, o Luis Boa Vista brincava o reisado, e era de uma simplicidade gigante, aquilo. Tinha o boi, o velho, a velha, Mateus. Quase vinte anos depois foi que eu fui saber que aquela brincadeira feita nos terreiros das casas das pessoas é importantíssima para a cultura brasileira. O que a gente vê, a gente guarda. E há pessoas que pesquisam essas manifestações. O Oswald Barroso que é um pesquisador, seria capaz de vir aqui entrevistar o Luis Boa Vista sobre essas apresentações. Vi algumas crianças ensaiando aqui, em 2004, elas tinham uma bandinha de música. E essas crianças precisam de incentivo. O Valdélio e o Netinho da Adriana são de um talento impressionante! Essas crianças de hoje serão adultas amanhã. E o que será feito do talento delas?
Em Martinópole existem dezenove associações beneficentes, você pretende trabalhar com elas?
Tomei conhecimento dessas associações através de papéis. Mas não sei do que se trata, e nem o que elas pretendem. Essas associações estão no astrocismo. Ninguém vê nenhuma ação social onde elas sejam promoventes. Talvez uma delas sim, tenha contribuído com algum projeto comunitário. Tem uma que é presidida pela Fátima Leda, e me parece que ela conseguiu verba para construção de casas populares. Mas as outras não tomei conhecimento. Podem até existir, mas eu desconheço. É importante termos coisas funcionais, para que mais burocracia? Essas associações tem presidentes, vice presidentes, mas não sei qual o objetivo. A criação da bandeira do município é um fato que tem uma importância significativa. Esse fato é mais interessante , gosto de ação. Por exemplo, tanto o poder público quanto essas associações poderiam ter investido nessas coisas que seriam um marco para a cidade. Dezenove associações que não funcionam porque estão e são facções aleatórias. Se essas pessoas trabalhassem unidas, talvez tivessem atingido seus objetivos. Em fortaleza estive engajado com pessoas ligadas a cultura, a arte em geral. E a minha turma era a turma do sim. Os grupos se ajudam entre si, as pessoas. Um dos meus maiores desafios para 2008 é publicar um livro com os poetas de Martinópole. Organizar festivais de teatro, dança, palestras se torna mais simples. Pretendo apresentar uns quatro espetáculos aqui, um infantil, um teatro de rua, uma comedia, um espetáculo mais sofisticado que é para levar a reflexão. Essas outras atividades não requerem tanto recurso quanto a publicação, mas penso que vai ser possível. Em martinópole também haverá gente para dizer sim, vamos fazer. O primeiro passo ai ser reunir todo mundo, fazer um mapeamento, depois organizar as coisas. Este desafio é meu.... quero fazer parte desse tempo. Esta será minha contribuição como cidadão martinoplense.
O Historiador Marcelo Farias Costa, nesse ano de 2007, em setembro, lança um livro que reúne os artistas que aconteceram no Ceará. Nos últimos anos, o seu nome é um dos mais citados( Antonio Marcelo interrompe)
Isto só me traz alegria. O livro é o TEATRO EM PRIMEIRO PLANO... e tudo parece chegar na hora certa. Com esse livro é como se eu fechassem um ciclo e abrisse outro. Muito bacana abrir o livro e ver meu nome se repetindo , ver minhas peças de teatro que escrevi e dirigi, ver a cidade que eu nasci registrada em um livro por participação minha. Uma vez alguém daqui me perguntou que contribução eu havia dado a Martinópole. Aqui está a resposta. .Em um novo registro eu gostaria de ver a cidade de Martinópole sendo referência. Estou aqui para descerrar as cortinas. E mostrar o mostrável, dizer o indizível, e sonhar o sonhável,, mas na afirmação de uma ação estratégica. E isto que eu falo é movido a certeza de saber que é algo que pode ser concretizado. Fazer arte é simples, basta ter sensibilidade.
Dá tempo tudo isso em um ano?
Dá sim. Dá tempo causar efervescência. A não ser que a população não queira. Mas eu sei que quer. As pessoas gostam, só não foram motivadas. E também não é um projeto para acabar em um ano. Eu gostaria de plantar a semente. Em Baturité, existe um grupo de teatro, eu os conheci há dez anos, e eles fazem coisas fabulosas. Aracati está produzindo, Icó, Crato que é considerado o berço da cultura cearense, Iguatu, Palmácia, Redenção, Sobral. E Martinópole vai produzir também. Há condições de fazermos um teatro aqui de qualidade e fazermos temporada em fortaleza e em qualquer outra cidade. A zona norte precisa ter referência, e eu tenho um compromisso com a minha cidade que vai além do laço umbilical. Não quero ser único na cidade, quero fazer um diferencial na soma de nossa cultura. Se forem dez artistas, comigo seremos onze.
Sobre esses festivais? O município irá concorrer?
Não. Temos que ser imparcial. Aqui duas observações. Os festivais inicialmente deverão ser locais. Quando se tornar intermunicipal, os grupos, ou o grupo, da cidade deverão ter participação, mas não concorrerão. Não é ético os que organizam concorrer. Também é cedo para se falar sobe isto. E depois, mais importante que caçar prêmio é ter um histórico reconhecido e respaldado no politicamente correto. Naquele festival junino, achei alguns grupos pretensiosos. Quem decide se o trabalho é bom ou não, é o júri e o publico. Os envolvidos jamais deveriam abrir a boca e dizer nós merecíamos ganhar. É muita coisa para ser feita. Esse salão paroquial foi inaugurado com uma juventude atuante, precisa ser ativado, aquele encontro que houve aqui reunindo Martinópole, Uruoca, Senador Sá foi lindo. Estamos carentes disso, a praça precisa ter atrativos, gente, nós estamos vivos e somos gente da gente. Na inauguração desse salão teve uma apresentação do can can que foi fantástico, as meninas apresentaram uma dança fidedigna a uma representação profissional. Precisamos arregaçar as mangas. Não podemos esperar pelo poder público, ele não fará. Esse salão paroquial deveria ser o nosso teatro, o palco da cultura Martinopolense, tem uma estrutura adequada. Em São Paulo espaço bem menor do que ele, é ponto de encontro da cultura paulista. Como é o caso do Satyros, um espaço que vem sendo badalado e está em evidência. Conheci o Satyros em 2005, em 2006, o espaço estava dez vezes melhor. Ai entra a capacidade humana em apostar, em querer, em fazer.
Isso requer gasto? De onde sairiam esses recursos?
É preciso planejar. Primeiro se detecta a deficiência. As pessoas, a população é generosa. Todo mundo sairia beneficiado. Qual o pai ou a mãe que não gostaria de ver seu filho envolvido em ações sociais e culturais? Fazer arte é aprender a pensar. Todo artista se desenvolve como pessoa. Mente vazia ou ocupada com futilidades é que destrói a capacidade do homem de pensar e se tornar melhor. Sobre recursos? O artista vive de patrocínio. Se houver equipes dá se um jeito. Agora, eu também preciso me mantém, e pretendo ministrar cursos, oficinas que é isso que faço em Fortaleza. E esses cursos seriam ministrados a peço popular. Se algum empresário da cidade for simpático a causa pode também contribuir. Pretendo percorrer também as cidades vizinhas. Acredito que a cultura da zona norte quer emergir. Precisa viver ou mesmo sobreviver. Quero dialogar, desde que isso não venha a provocar nenhum dano ao meu projeto. Os projetos são negociáveis, as ideais não.
Essas idéias são suas?
Claro. Quem já pode fazer antes e não fez, não fará agora, nem depois eu estou a frente disso, e tenho propostas sim. Volto com a cara e a coragem, somente. E estou trazendo minhas idéias agora porque vamos vivenciar um novo momento. Estou
É fácil ser artista?
A arte é sempre um desafio. É inovação, é desafiar mesmo o instinto e a consciência e quando é proposto isso, as vezes, há um choque. Mas com certeza as crianças terão peças infantis para assistirem aos sábados, e os adultos terão a opção de escolha. Quero promover palestras sobre comportamento, sociedade, homens, mulheres, sexualidade, juventude. Há uma abertura para caminhos diversos.
A arte é precisa?
É fundamental. As grandes civilizações são detentoras da arte. Todo artista pensa, e onde se pensa se constrói.
fim da entrevista

ENSAIO PARA O AMOR... Direitos reservados

TEXTO

ENSAIO PARA O AMOR

AUTOR

ANTONIO MARCELO
TEATRO


PEÇA TEATRAL


ENSAIO PARA O AMOR

BRENO COMEÇA A SE MEXER NA CAMA. ELE VESTE UM PIJAMA BRANCO.


Não consigo adormecer. Estou rolando de um lado a outro no silêncio denunciante. Denunciador de coisas que não posso esquecer. A semana foi cheia de emoções... Ainda não estou velho, mas conhecedor de fortes sensações. Sou a mecha branca de meus próprios cabelos e não existe desabafo. Conheci hoje alguém, desses alguéns que vejo e me encanto. Que me faz perder o sono, que me inquieta e me excita. O anjo se auto-penitência, se degreda de amor e fantasia. Eu sou o eu de uma nova roupagem, já velha, depreciado e aliciador da minha própria matéria. (SENTA. PAUSA) Vem, eu te chamo cheio de orgasmo para te dar. Sou a equação, o denominador comum, facetário dessa noite madrugadora e sem álcool, e, no entanto insana. Tu podes ser meu... Essa idéia já me persegue.

BRENO RODOPIA PELO PALCO

Eu estou bem mais suave... também mais quente que um bolero, mais ardente que a saudade da dor marcada nas batidas de um tango. Será que me apaixonei? Que pergunta infantil? Agora é que sou eu, eu cínico, eu desaforado, eu malícia, eu sexo pronto, eu cabeça fria, eu... Deus domiciliado em alguma boca, eu sensualidade estampada à flor da pele, eu, cio da própria carne tantas vezes gozada e remanescente para a nova e concebível batalha.

COM ALGUM OBJETO NA MÃO

Pensei em você... Que tolice, que repetida, gasta e renovada frase. Ela não desiste, insiste em estar na boca de muitos amantes. Não quero gozo, quero repouso. Por isso, pensei em você tantas vezes no mesmo dia, na mesma noite. Tu gostas do que eu gosto, tu tens a minha sensibilidade, teus versos me agradam, embora não sejam meus. Sim, mas isso não tira o mérito da tua sensibilidade poética. Aqui, a música toca, toca... toca na vitrola e bem dentro de mim. O ritual permanece... me abusa, e hipnotizado me endereço a tua casa. Sou estúpido? Não. Sou o tanto, apenas a medida certa.

CAMINHANDO PELO CENÁRIO

Hoje, você me fez pensar. Há coisas que são essenciais, mas que eu nunca me pré dispus a questionar. “Que rumo vai tomar a minha vida?” Para aonde é que eu estou caminhando? Bem que você pode ser uma luz no meu caminho. Me ilumine para que eu não me perca na minha própria luz. Eu já não tenho a mesma tolerância de antes, e às vezes, recomeçar é tão complicado. Quanto a primeira tentativa. Que sou eu? Abraço-me no mistério que me chega, e eu perco a possibilidade de estar. Eu apenas permaneço contagiado por algo que parece me esperar em algum ponto inatingível. Os mortos não me provocam medo, e, no entanto a coragem dos vivos não me excita. Eu permaneço, e só quando a frase se completa é que eu entendo que permaneço estacionado. Sabe, hoje, eu percebo uma solidão gasta e, no entanto vez e outra presente. Por onde passa o tal caminho que pode levar alguém ao paraíso? Aqui, o tempo me diz verdades batidas pelos dias e noites infindáveis de poesias recriadas. Nunca um novo verso no mesmo verso. Estou pensando no perigo que preciso correr em nome do amor. O perigo que me aproxima de algum paraíso aberto ou um abismo camuflado. É o que é e só. A frase se encolhe na barriga da promessa que não se faz ao findar o dia. Depois é possível que se encontre a familiarização do enigma que se desenvolve progressivamente. Ganhar ou perder? Uma soma sem resultado. Toda a matemática é exata. E a vida é, mas não se torna dentro da possibilidade que me atinge. Eu tenho apenas um segundo e uma noite inteira para sonhar com alguma coisa que não me propõe um estandarte, mas que pode propor. Nunca mais falei inglês, pois a língua afiada me ganha. Às vezes uso uma expressão inglesa. Acho interessante. Tem gente que diz que é cafona. Por exemplo, adoro repetir – “forever by your side”. Estou com sono... Eu preciso, mas não prefiro dormir.

MUDANÇA DE LUZ. LUZ COMO SE RAIOS DE SOL INVADISSEM O PALCO, CORES DIVERSAS.

Agora, em poucos segundos se abre o sol pela madrugada, e tudo não passa de uma luz no cérebro. Há um sol dentro de mim. E eu o que será que sei ser. Só. A ambigüidade faz o enlace de qualquer fato que eu ainda não soube dizer. Estou poético, exageradamente romântico. Há consciência de tudo isso. Sou humano e um humano tomado pelo egoísmo sabe amar. Salubananã. Não sei o que pode ser, mas é inviolável a força de uma palavra. Também só. Me inquieta esse acontecimento. Eu me reconheço nessa aceleração primeira e, portanto estranha. Por que não adormecer e sonhar? Esta é a minha pretensão. Mas eu já estou sonhando.

VOLTA ILUMINAÇÃO ANTERIOR.
BRENO ESCREVENDO, DEPOIS FICA COM O PAPEL NA MÃO E SOLTA PARA O ALTO.


Voltei a escrever... Voltei por puro entusiasmo. E nessa noite, é para você que eu escrevo. Você que se chama Marco, Angélica, Glória, Giovana, Antônio, que se chama tanta coisa e ao mesmo tempo uma incógnita. Todo amante é uma incógnita. Sabemos tudo sobre eles, menos a identidade deles. Sabe, eu sempre fui muito pai dos meus amigos, possuidor de um guia movido a liderança, e muitas vezes eu disse a mim mesmo: - “Não vou deixar os mortais se aproximarem de mim.” E agora, eu vejo que a traição circunda em nosso espaço pessoal. É dentro de cada um de nós que existe... Digo isso porque sei que também não tenho culpa de gostar de poesia, não tenho culpa, assim como você de ser sensível. Isto tudo é um privilégio que não vou abrir mão. E foi essa mesma sensibilidade que fez eu perceber você confuso... Sei lá. É nisso que me vejo traidor porque eu disse nos últimos anos, não me preocupar com mais ninguém.
Eu não vou dizer nem pretendo, mas eu tenho o meu conceito sobre você. E daí? Se você deixar, eu me agarro a você. Senti isso, a primeira vez que lhe vi, veio essa necessidade brusca, repentina, e o que mais for. Quando percebi, eu já estava dentro da sua casa, dentro do seu mundo. E a única coisa que eu posso dar como resposta é um gesto simples, porém fatal de cumplicidade. Por que lhe digo isso? Não sei. Ou até posso saber. Deve ser difícil para você morar distante... estar fora do ninho, mas você não é um estranho. Existe em você uma atitude qualquer que me atinge... Pausa para eu perceber e acompanhar o roteiro que eu faço no ato de escrever. Sabe o que descubro? Que para todos que amei eu disse esta frase: - Eu esperei por você a vida inteira. É, esta frase sempre foi dita. E você qual é aquela frase que faz parte do seu jogo de sedução. Diga. Você não é diferente de mim, todo mundo diz alguma coisa repetitiva para seu novo amor. Eu também já cheguei a usar essa aqui: - Eu nunca me entreguei a alguém como me entreguei a você. Mas deixei de dizer isso porque alguém me disse que não havia nisso nenhuma originalidade. Era um termo brega e apelativo.
Não fique triste, talvez nenhum motivo ou outro venha valer a pena. Tudo bem, eu vou tentar ser mais original quando o assunto for você. Quem somos nós? Apenas um ato ou nada mais que um instante. A sua presença é contágio e jamais há de passar desperceptível. Não pense na força atrativa do desânimo. Você é sorriso de luz. Talvez isso tivesse mais importância se fosse dito por alguém que você não sabe onde está. Por causa de um imbecil que não soube amar toda a humanidade se perdeu. Faça dessa história o seu regresso de vida. Você não é obrigado a me dar importância. Agora eu sei o que eu queria saber, digo isso para você porque a sua tristeza me entristeceu também. Houve uma depressão instantânea e milenar a me perseguir até em casa. Não gosto de ver as pessoas tristes, mesmo que sejam estranhas. Guarde isso com você ou rasgue... Sei lá. Mas se você rasgar nunca mais eu falo com você. E ai, há algum espaço na sua vida que pode ser ocupado por mim? Seja sincero. Porque independente disso, tudo passa e, no entanto nós podemos sorrir. Tudo pode acontecer. Continua chateado? Espero que a chateação não seja comigo. Será que eu estou presente na hora errada? Não é a primeira vez que isso acontece. E nisso posso incomodar. Se for isso vá se fuder. Vá se fuder bem longe de mim. Desculpe por uma razão ou outra... Quero um sorriso aberto na chegada. E o que vamos sorrir? E o que vamos pensar? Abobrinhas, talvez, mas que elas sejam sadias. Ou puras com a criança antes do nascer.

BRENO VAI FALANDO COMO SE TIVESSE HIPNOTIZADO.

Estou perdido, aqui, dentro do meu próprio quarto. Eu já não sei para onde a noite me conduz. Tenho pavor. Por alguma coisa que faz a minha língua necessitar... Cadê aquele vento que não me procurou mais? Cadê a minha verdade que se oculta em algum seio estranho? Há uma boca que chama a boca possuidora de um gosto desconhecido, mas que me provoca e excita. Não meu bem, a excitação não tem nada haver com o que eu disse. Se chateou comigo porque mandei você se fuder. Isso por acaso é ruim. Eu adoro. Não estou perdido se houver o sonho madrugador que me faça levantar sonolento. A espera de um olhar passeio pelo espaço curto e gigante onde meus passos alcançam. Nada mais é condizente com o instante, com a hora parida e nunca abortada.

ELE CAMINHA COMO SE OBSERVASSE O MUNDO LÁ FORA

Estou aqui, sem laço, querendo me entregar a alguém. Estou gritando silenciosamente a saudade que vibra dentro de mim, e me faz pensar em sexo com tara e também no sexo apaziguado e amoroso. Será que nada vale nada mesmo? Quero demorar muito a responder isto. Isto não pode pertencer a alguma parte de mim. Eu berro, eu berro três vezes e não me escuto. Veja que estranho. Ainda tenho sono... Um sonho acordado e despertador. Daqui da janela, eu sei que lá fora o mundo se abre, mas não se mostra porque ele é feio, muito feio. Mas o colorido, a noite, as luzes... que belo panorama iluminado.. Eu imagino tudo e não consigo chegar a pensamento algum. Será solidão? Não será porque é. A feição de todos os amores se projeta e com a mesma facilidade se desfazem diante de mim, como um estrato de névoa. E não consigo atingir essa passagem. Salto a linha da escrita para começar a dizer não sei o quê. Talvez a música seja fantástica e o resto das coisas não. A palavra poética é muito bonita, mas falta gente para compreendê-la. Acessá-la. Digeri-la com apetite assim como eu faço com a saliva do amante. Tudo isso é o meu gozo, depois dele vem o repouso. Você compreende o que eu disse? Ou será que eu falo difícil para a sua sensibilidade? Se for isto, desculpe, mas eu não vou empobrecer a minha palavra de amor por sua causa... Faça algum esforço e venha até aqui. Me alegro na tristeza para chegar ao sentimento. Mas com isso eu estou dizendo exatamente outra coisa.
Talvez eu não represente tão bem e não consiga disfarçar. E se sabe que atitude pode vir dele? Como é mesmo aquela frase? – “Que flagelo é o amor para os mortais” – Medeia. Estamos empolgados com uma peça de teatro. Mas isso aqui é tudo real. Muito real. E mais na frente essa realidade não vai existir. Hoje, foi o ensaio para o fotógrafo e para a imprensa. Ocorreu tudo bem, as coisas acontecem na hora, também acredito nisso. O teatro, o brilho, o palco. Eu nasci para essas coisas, para as plumas e paetês. E o amor? Eu procuro exaustivamente e sempre aparece alguém fora de hora. Uma disputa acirrada entre dois objetos ímpares. Talvez Domingo eu vá a casa dele. Domingo não, Quinta feira. Vou colocar a melhor roupa, o meu melhor perfume. Eu não gosto, eu não quero. Pouco tem importância isso, o coração parece que ordena que eu goste e aceite. Tenho sensações fortes, vinda dos deuses medievais. E o que sou? Apenas a exclusividade da hora marcada a espera. Sou o luxo, o tecido mais reluzente de qualquer peça de teatro. Quem tem sabor e mistério na alma? Aonde chega a paixão? Aqui, nós e eus perdidos no sonho madrugador, sempre noturno. Aqui três tempos também ímpares. O amor é um grande julgamento, todo um processo, todo o enfrentamento de uma situação com atitudes polarizadas. Nada mais foi dito pelo réu confesso.
Eu sou esse réu exposto à atitude dele. A verdade é que ele me interessa. Passava da meia noite, eu insone fui bater na porta dele, na casa dele. Era como se uma força me guiasse com um objetivo estranhamente doce... encontrá-lo. Sou submisso a minha vontade. Alguma coisa... Você já observou que eu estou sempre nessa coisa indefinida, desconhecida? Mas o amor provoca isso? Então vamos lá para a coisa indefinida. Alguma coisa me mandava ir, e quem sou eu para não obedecer? Sempre fui muito obediente aos meus pais, aos professores... e não seria agora que eu seria rebelde. Porque ser rebelde logo comigo? Sou submisso a minha vontade e isso é magnífico. Estávamos nós solidíveis a espera talvez do sei lá madrugador... Ele foi direto ao assunto, perguntou o que queria saber. Respondi com a desenvoltura de um ser completamente livre. Que propaganda enganosa... Coisa feia! Enganar os outros em nome do amor. Eu queria apenas que ele visse as minhas qualidades, e eu quero me mostrar assim livre. É provável que se ele não tivesse tocado no assunto eu não teria falado, pelo menos naquela noite não. Ele quis saber porque? Ora porque, eu fui feliz... E se isso aconteceu é porque alguma coisa foi boa. Ele disse assim que há dias estava com essa curiosidade. Isto significa que ele pensou alguma coisa. Viu como o amor é indefinido? Essa palavra alguma coisa sempre aparece. Tudo bem, vou tentar dizer outra palavra. A curiosidade estava relacionada a uma frase que eu havia dito há dias. Nós estávamos ouvindo música, e eu disse que aquela música fazia parte de um tempo em que eu era feliz.
Eu gostaria de ter você por um período, por um instante que se estendesse para a sobriedade e a sinceridade da coisa séria. Será que você vai ser meu assim como foram outros amantes? Somos estranhamente míopes, acho que não nos olhamos ainda olho a olho. Aquele olhar que não deixa fugir e a única alternativa é ficar, aceitar. Sinto falta de alguém, alguém que nesse instante pode ser você. Mas também reconheço que estou só e egoísta demais para batalhar por alguém. Não quero seduzir nem representar uma nova farsa para o amor. Quero alguém de cara limpa, sem maquiagem. Que difícil plano para a realidade e a alucinação. Há um objeto sintetizado no meu drama que se estende voluntariamente e se alastra no meu inconsciente. E já não sei qual é a próxima palavra que reproduz outra e nunca o mesmo amor. Continuou inteligente, continuo a mercê da aceitação do fato. Não vieste na hora exata e veio porque as coisas não se justificam na memória. Apenas o alucinógeno aceita o imprevisível. E o amor é imprevisível assim como a despedida atraída pela morte. Onde está agora aquele que pode me amar? Perdido em alguma lembrança também perdida e falecida. Só sei onde está aquele que eu posso amar. Eu sou a lembrança viva do amor. O mesmo amor que reproduz sexo. Quem ousa mergulhar no meu mundo de perdidas ilusões? Não sei, não sei, não sei. Quem pode saber? Ninguém. Eu sou uma égua no cio ou um touro querendo gozar. Eu sou um homem, um bicho na ânsia de gerar e procriar. Eu sou um vadio no meio da noite pobre porque eu me sobressaio. Estou apaixonado e estranho a pouca luz, mas brilho com o artifício. Já não repito o verbo mas me canso com a nova palavra cheia de ação. Você está em meus braços? Que movimento é esse que me faz ir a dramaticidade estrema? Eu sou alucinógeno e ao mesmo tempo a realidade perfeita. Você me faz gemer, eu faço você gemer e nisso há o pecado santificado. Gozar é a liberdade concedida a poucos deuses. Essa imoralidade santa me faz melhor.
Eu desisto de você antes mesmo da batalha. Eu desisto do pileque e de qualquer outro ato que possa me levar a estar ébrio. Eu desisto de beijar sua boca e talvez seja difícil as duas coisas. O beijo e a conquista. Nada é ponderável em mim, mas eu não admito certas coisas. Fracasso meu que se traduz em tantos amiúdes e, no entanto eu permaneço nele com toda a minha inteligência. Uma inteligência intrínseca cheia de segredos permissíveis. Me abandono para renascer lá na frente, eu sei fazer isso com perfeição. Embora grite e doa dentro de mim.

EM CIMA DE ALGUM DEGRAU, EM UM PLANO MAIS ELEVADO.

Eu não fui um gigante pela própria natureza, apenas me fiz, e construir isso é tarefa demasiadamente pesada. Eu tentei tanta coisa, eu tentei ser eu mesmo, assim como tentei não ser. Me deparei com as duas atitudes e me vi impotente. Toca uma música, o rádio voltou a me fazer companhia, que embalou minhas noites a dezoito anos atrás. E tudo era feito mágica, mas agora perdeu o encanto. E eu me desgarrei de tanto amor vomitado e depois reposto para o mesmo lugar. As noites me enfeitiçam e me perco numa armadilha escura e sem chance de escapar. Afinal, qual é a verdade sobre o amor? Nada está tão só, mas eu percebo o germe do abandono que semeia aqui a mesma dor. Eu preciso chorar nos braços de alguém – alarma a carência. Amanhã tudo vai estar bem, eu sei... Tenho conhecimento da minha força. Eu sempre renasci, repetindo o mesmo ritual de uma forma milenar. A coroa que erroneamente transportei ao longo dos anos na minha cabeça há muito tempo que começou a pesar, e, no entanto eu não tinha percebido esse peso. Agora não tenho como ignorar ou fingir. Sabe o que é mais difícil para um deus? O peso que ele carrega. Por favor, se você quer me amar, saiba que eu não sou perfeito.

CONTINUA A CARTA APANHADA NO CHÃO

Que motivo terá essa tal agonia? Eu estava dizendo que desistia e é muito difícil acreditar nisso. Eu tenho vaidade, mas eu perdi mais uma vez. Eu não sou fraco, não almejei a derrota, mas ela chegou do mesmo jeito. Piedade senhor, piedade para o que digo: - Nessa noite eu quero dedicar todo o poder ao pecado. Talvez o pecado saiba administrar o gozo que a vida não oferece. Oferece sim, é pena que o meu apetite que é você, me esnoba. “Estranho e Só”. Eu fiquei estranho e só. Há perto de mim, um casarão imenso habitado por fantasmas que também não encontram a paz. A vida continua gritando e não diz nada. E diz, mas não é o que eu quero ouvir. Eu perco a batalha e me recuso a me entregar. O herói clássico imbecilmente não foge a luta... E estupidamente eu tento imitar isso como se a vida fosse um palco. A vida não é um palco, tantas vezes isso foi discutido e não convenceu ninguém. Eu não me convenci dessa verdade.

AFASTANDO-SE DO LUGAR ONDE ESTAVA

Vou ignorar você para chamar sua atenção. Não consigo ser menos infantil. Continuarei a gritar nessa noite feito o lobo no cio a uivar para a lua cheia. É verdade, eu disse que quem gritava era a vida. Será que a sua insensibilidade não pode ver? Merda, a vida sou eu. Sou eu quem grita chamando você. Você não vê planos para nós? Que bobagem isso. Nada é eterno. Eu quero o seu sexo aqui, agora. O depois vai se perder no tempo. Como é mesmo aquela frase? “Eu me perdi numa estrada e hoje quando me sinto é com saudade de mim”. “A luta dos desesperados que lutam por uma causa perdida”. “O encontro dos desesperados que lutam por uma causa perdida.” E agora a quem recorrer? “O desencontro dos desesperados que lutam por uma causa perdida.” Tão bonito isso. Trágico. O trágico me faz pensar. Não, essas frases que falam na luta, nos encontros e desencontros – são de um escritor amigo meu.
Quem é você? Não posso responder porque eu não sei mais. Eu esnobei, fui esnobado, e agora caio aos seus pés... Não, assim não... Melhor eu dizer: - Eu caio aos teus pés para te ofertar a maçã do pecado. Todo poder ao pecado. Venha brindar comigo esta frase, nesta noite selvagem como o coração de dois homens, dois bichos de significados diversos, capazes de varias releituras sem base á versão original. Original! O pecado é original? A primeira vez de um homem é o batismo, a purificação no gozo. Eu falei para completar sobre os deuses o que mesmo? Ah, é claro, você não tem a obrigação de saber. A coroa se espatifa ao chão e as pedras se desfazem no nada. A quem pertence a ordem do amor? Não, antes eu perguntei outra coisa, também não lembro. Isso eu não tinha perguntado ainda. O pouco que eu sei é sobre a desordem. É sobre o manancial de águas claras quando o olhar da sedução segreda a razão para algum ser perfeitamente racional. Mentira! Não é nada disso. Quando dois olhos se cruzam o que existe é um mergulho no abismo. É o tremor qualificado e sem a menor serventia. Isto não desperta a emoção voraz que se escondeu por meios ilícitos. Eu estou aqui à prova, a caráter, ou se preferir a rigor, ainda decidido. É, estou decidido. Sabe quantas pessoas eu seduzi com a minha palavra? Por que você não quer saber? Tem medo de ser mais uma? “O medo não vale nada quando chega o amor”. É o que? A minha palavra tem fogo. “O medo não vale nada quando chega o amor.” Tem uma música que diz o seguinte – “Toda palavra vele nada quando chega o amor”. De quem é a música? Venha para o meu leito que saberá. Você deita comigo que eu coloco o cd para tocar. Então, você acha que isto é chantagem? Encontro ânimo aqui, meio a verdade, meio a tentação de ter você embora não sabendo em que parte do mundo está a tua alucinação. Eu estou aqui quase pedindo para que você fique por mais um segundo a me perguntar segredos tão meus, a me induzir a responder tua curiosidade. Não quer o meu leito, então me abraça aqui no meio da sala sem dizer nada. Eu volto a filosofar com a intensidade do grito de um felino acuado meio a tanto pavor. Eu sou atirado, se o assunto for você... Eu sou avesso à formalidade se o caso for de amor. Gostaria de riscar a história e propagar a composição da tua alma alegre por me ver te falar carinhosamente.
Me deixe respirar três vezes. Eu estou estressado por uma junção de moléculas que se desordenam dentro do meu cérebro. Você não é perfeito? Mas eu o recrio perfeito. Por que você está me dizendo isso? Moléculas. Ah, tudo bem... Então é isso mesmo vamos substituir moléculas por espermatozóides. E o que está cheio não é o cérebro é o saco. Melhorou assim? Sabe quando acontece aquela tragédia? Aquela que nos deixa desorientado, provocada pela paixão. Eu me apaixonei no dia errado, na hora errada. E o que é pior, pela pessoa também errada. Temos pensamentos e ideais parecidas, mas a fatalidade quis estar presente. E isto veio como castigo para me punir por eu ter sido feliz numa relação passada. Os deuses não dão duas vezes amor para a mesma pessoa. Mentira, mentira, mais uma vez mentira. Eu não sei dessa verdade, não conheço a sensibilidade dos deuses. Ignoro a forma escolhida para o açoite. Eu, contudo gosto de ser escravo do amor correspondido. E este aqui está a mil distâncias de qualquer sintonia. A verdade mais escrota que eu sei é que ninguém se apaixona pela qualidade de outra pessoa, e sim pela beleza. Talvez, uma atriz de Hollywood dissesse: - Eu sou uma atriz, e Hollywood não aceita beleza interior.
Isso me perturbou. Por isso que na minha chegada pedi para que me deixasse respirar três vezes. Eu não sei nada, eu perco a inteligência, me torno adepto desse recurso preparado e festejado na alienação. O que ainda restará nesta agonia de sombra pálida e noites brancas a vapor de luzes? Me deixe ser, me deixe ser o raio e o relâmpago nesta noite de parafernália, de trovões fictícios e apavorantes. Eu sumo na palavra agora consumida. Não sou maior, me torno cada vez menor para me agigantar no teu mundo. Quem é você? Quem és tu? Recuso a representar tão mal o bem e o mal. A sorte se revela, e, no entanto pula comigo de cama em cama imaginárias onde houve reinado em outras eras.

Onde falta a lógica, tudo é curto. Me encurto também feito outra condenada a não ver o mundo. “Eu quero sonhar, sonhar, sonhar”. E nada acontece para alimentar a fantasia. Tu me ignoras, me tratas tão bem que chega a ignorar o bicho embravecido que se tesoa em mim, feito touro na arena, feito caçador destinado a devorar sua caça. Eu sou a sílaba fracionada na palma da minha língua, atrapalhada no teu beijo. Com o teu beijo qualquer ato de estrema ignorância me define de uma forma aceitável. Perdi a defesa, a coragem, a delicadeza. A folha se rompe como a madrugada consumida pela voz rouca e sensual do locutor distante do meu mundo. Nós debilitamos nossas almas cansadas de outras versões sem a menor verdade. Entre nós nada houve, mas é como se tivesse havido. Não somos mais os mesmos, não conversamos mais, não dizemos palavras e elogios a nós mesmos. Percebemos, somos imperfeitos. Eu não sabia que seria assim, e mesmo assim eu não queria... Se eu pudesse voltar atrás, eu não voltava, mas refazia o percurso que se deu. Você já não fala quase nada. Hipérbole. Hibridismo. Roleta de pontas afiadas e facas. Talvez você perca a importância, e eu não queria.
Veio o seu primeiro gesto de indelicadeza. Mas isso não é problema nosso. Por mais que não seja programado está havendo uma seleção natural; pior que a seleção formal. Tudo bem, isto acontece. Cada um faz a sua escolha, e as vezes irremediável. Toda escolha traz outros caminhos ignorados, tranqüilos, certos e incertos. Eu ainda permaneço subjetivo. A gente passa de uma forma concreta ou abstrata. Isto é bom, embora que percamos as raízes. Nobres, plebeus, não importa. Somos todos personagens do mesmo drama. Não me julgue mau, não me julgue chato. Eu não quero nada, eu quero apenas estar bem e esta é a maior de todas as vaidades e também necessidade coletiva. Um dia, uma hora, um segundo, houve um tempo, a própria gramática se rompe e não compreende a palavra impulsionada. Vamos ser profissionais, representantes da mesma farsa, atores do mesmo teatro. Quem sabe assim, a gente pode conseguir. Eu possa conseguir controlar o meu coração selvagem. Dói dizer isso porque eu sei que ele é dócil. Você não sabe, a minha forma física é humana, tenho o coração de um bicho noturno quando se abre o véu negro cobrindo todo o universo. Não sou eu mesmo, não sou a forma, sou a metamorfose. Vou fugir de você, fugir de uma forma selvagem, de uma sangria absoluta. A minha dramaticidade se acende no fogo da palavra. Você também fugiu de alguém, não negue. É verdade, você fugiu... Não lembra? Qual era o nome dessa pessoa? Com ela o seu caminho teria sido diferente. Hoje você viu apenas o ensaio. O caminho era outro. Ou seria esse?

Aqui é apenas o ensaio. Não esqueça. O que resta entre nós é apenas um adeus carregado e triste como a despedida. Você comanda o jogo e desfaz minhas armas de amor. Percebi de novo a sua tristeza. Nesta noite, a última noite, não dormirei, não existirei, não estarei comigo. Fujo para pensar: - Que futuro terei? O que me espera? Noites como esta. Isto já foi dito. Sabe porque? Porque o filme é o mesmo. Só mudam os atores. Alguma coisa propaga a nossa ausência e se é verdade que no amor não existem regras, eu posso roubar as cartas. Eu posso dizer ao mundo com um silêncio, a mais que uma palavra, a mais que um verbo na intenção do que pode acontecer. Se eu posso ainda, por que não tentar? Talvez a tentativa fácil demais ou simples na devoção.

Contudo, não vejo nós dois, não consigo enxergar o brilho que leva você longe, enquanto insisto na procura. Dois baralhos, duas cartas fora da verdade mal contada no vício do amor. O sono chegou, vou dormir e sonhar. Sonhar enquanto posso. E não esquecer de lembrar que “o amor não é eterno”. A situação também não. Naquela noite que eu fui bater na sua porta, alguma coisa me mandava fazer isso. E quem sou eu para não obedecer? Eu sempre obedeço. E aqui chegamos no clímax. Não existe mais tempo para guardar esse ensaio para o amor. Nesta noite, você pode ser meu de alguma forma. Qual? Não sei, acabo de falar que não existem regras. Acabo de pensar que não há covardia que me impeça de ir. Pode ser esta noite – A noite do amor. Love house nigth.

Basta ir, não custa tentar. O que impede? Cadê, você conseguiu lembrar o nome daquela pessoa? É, aquela pessoa que jogou tudo para o alto por você. E o caminho? Qual é o real? Esse ou aquele? Isto faz a diferença? Faz. Tem que fazer... Um é real e o outro apenas o ensaio para o amor.



Fim do monologo................. PROIBIDO MONTAGEM SEM PREVIA AUTORIZAÇÃO

VIDAS DE VENTOS E VELAS. Antônio Marcelo Carneiro

“VIDAS DE VENTOS E VELAS”
Antônio Marcelo



Dedico a você – o espetáculo da palavra na invenção do imaginário.


Para
Márcia e Marília – ambas incentivadoras desse ensaio da palavra




Apresentação



A função maior da palavra é a comunicação, e cada palavra tem seu sentido quando entrelaçada a verdade, embora emotiva. E a poesia? Lençóis dos belos amantes? É o que é. Não se explica, apenas sentimos. Magistralmente mergulha no mais profundo de nós ou passa distante.
Não existe a forma para ensinar alguém a gostar, mas a poesia é a percepção gigante dentro da função maior da palavra. Esse é o quarto livro, o verbal está em mim – não nego.
Brinco com a palavra, assim como quem canta para embalar a alma. Esse livro é apresentado pelo meu amigo e grande incentivador das artes: Eduardo Galdino, um homem sensível que conhece e valoriza os artistas e seus feitos. Também convidei Diego Landim, um jovem ator e escritor que tem o verbo lapidado assim como um cristal. São pessoas como Eduardo que nos fazem acreditar no esplendor artístico, um dia possível; e Diego representa o meu início, a minha alegria em ser escritor.
“Vidas de ventos e velas” é frágil como um coração amante. Nenhuma surpresa na forma do dizer, mas estou infinitamente aprendiz e superior a mim mesmo , na carretilha do instante – abortado ou nascido? O instante se renova, e talvez esse livro possa comemorar dez anos da primeira vez que publiquei minhas primeiras poesias. Eu comecei a escrever aos quatorze anos, dezessete anos se passaram... isso faz de mim, um autor que continua, alguém que sempre tem alguma coisa a dizer, por terminar. No geral, eu me dediquei mais ao teatro, são trinta e uma peças escritas, contos, crônicas, cartas... enfim escrevo a palavra!



O Autor.







A sombra e a luz


Uma metade de mim
é complexa imprecisa
só sabe dizer não
a outra metade submissa
e só sabe ovacionar
seus atos, seus gestos
Uma metade de mim
me alucina
a outra metade é abstrata
ritualísitca
perversa oração
Uma metade de mim
tem a cor negra
o romance do pavão misterioso
a outra metade não tem cor
é um veneno desigual
Uma metade de mim
foi dada por prazer
a outra metade que é inquietude
foi roubada
Uma metade de mim
é passional
a outra metade é valente
sangue a pulsar
na batida do tempo na sua porta
Uma metade de mim
chora a sua partida
a outra metade me dá o direito de ficar triste
e a certeza que sou fênix
Uma metade de mim
sobrevive sem o seu amor
a outra metade é dependente
concreta a doer a dor que dói
Uma metade de mim
é prostituta apanhada
e não convencida
ainda acredita no amor
a outra metade é santa e beata
não cheira a manto nem a mato
só cheira a pecado
Uma metade de mim
é conto do ouvir dizer
a outra metade a vivência
no toque da pele de tantas cores
Uma metade de mim
é horrores
a outra metade a penúltima verdade
Uma metade de mim é sociaty
a outra metade é subúrbio
beco
sangue marginal na vala da vida
Uma metade de mim
não tem fim
é um ato gigante de cenas longas
a outra metade é escandalosa
e não cala a outra metade de mim

Inspirada em uma poesia de Ferreira Gullar


A canção dos Deuses

Que os deuses cantem suas mágoas
que os deuses despertem suas iras
e tramem suas vinganças mas longe de mim...
Que os homens medievais
lancem suas tirânicas verdades
mas que não me peguem para expiação


Reflexo

A beira do cais
pernoite
nós dois
Eu lembro mais a lembrar depois

Lamento

Lamento a noite sem sono
o sono interrompido no ronco final
Lamento os poucos beijos
a boca estúpida e afoita
Lamento o que não nasceu
a saudade calada em noites quentes
Lamento a tristeza na praça
- nós dois
Lamento a hora maldosa e maldita
onde chegamos
Lamento o choro preso
a raiva estancada no tanque
Lamento a sua reserva egoísta e fria
Lamento as coisas fechadas em copas


Cartão postal

Eu sou
o moleque grande
da ponte
do pôr-do-sol
o recital
final de tarde
óculos escuros
visita histórica - muito prazer
meu endereço é a ponte
o sal
o sol posto e contemplado
a maré alta
maresia
fim de estação
até qualquer hora –inverno ou verão


Por causa de você

Por causa de você
rompe a hora morta
o nascer do próximo e pouco instante
Por causa de você
rasgado o retalho da vida
oração incompleta
mas bordada em nossas almas coincidíveis
Por causa de você
esse luxo do lixo
essa nossa história narrada a gagueira
versões dadas às línguas afiadas
Por causa de você
em poucas palavras a conta mal contada
no canto do conto
inversão do conto no canto
Por causa de você endiabradas mentes
mentalizadas na mentira
ainda tece a língua afiada
e agora fresca
Por causa de você
reluzem no relance
as pedras de várias coroas
procissões de vários deuses
a processarem seus amores
em romances épicos e efêmeros
Por causa de você
o bailado da bailarina
no balé sem regra
a própria vida
na sobra do sopro
na sombra
Por causa de você
a efervescência dos belos recifes
nós reféns da presa
que somos nós
Por causa de você
o Deus Thor Chocou as nuvens
explosão de gases
narrativo trovão
Por causa de você
a noite inteira atenta a paixão
das starlats
Por causa de você
a inteligência de um semi deus nú
jamais batizado
mas crente na semi final história de amor
Por causa de você
adentro o pântano
sou brega e em termo chique
sou dau e dou
Por causa de você
espoca o útero santo
bebo o vômito e o tanto

Martinópole

Martinópole
teu cheiro meu aroma
tua terra meu chão
tuas águas meu destino
teus cajueiros meu torrão
Martinópole
tua lagoa meu sorriso
tua barragem meus cabelos teu vento
Martinópole
em ti se confundem
meu rosto tuas lembranças
tua força meu braço
teus sonhos meus ideais
Martinópole
teu sol a chuva
o inverno belos temporais
Martinópole
é bom te ter, te ver, me perceber
Martinópole
esse grito retumbante
dentro de mim
cheio de saudade, um velho instante
vou voltar para ti
vou ser rei quando vieres a sorrir
Martinópole
estou chegando
os tempos, ou mesmo os rostos marcados
a falarem de nós
laços lençóis
Martinópole sem progresso
Martinópole velhas dores
esperando ainda o que se espera
notícias de amores
em uma velha estação
Ah, Martinópole
teu sussurro, lamentações
meu suspiro meus ais meu povo
minha gente mascarada rodando livre,
dançando nesses velhos novos mesmos carnavais
Martinópole
alegria colhida nos novos velhos repetidos carnaubais
Martinópole
te assoletro te idolatro
mas no fundo, eu sei,
tu não és o que foste – nunca mais
cadê tuas cabanas teus clubes
cadê teu mapa, teus meninos, seus hinos
tuas meninas, suas castanhas
tuas minas teus homens, suas patas
Martinópole
tuas mulheres, suas sopas,
tuas colheres teus favores
Martinópole
te quero ruflando tambores
gritando teus cantores, teus tenores
teus atores teus escritores teus artistas
e tua cultura, no mapa o que é, onde está, aonde vai chegar?
Ah, Martinópole não te engasgues nem ouses me falar
Martinópole
Cantes bem alto e alegre quando eu chegar
para rever o que eu nunca esqueci
Martinópole teu cheiro não esqueço, te peço e agradeço
não me esqueças ainda que eu padeça
Ah, Mar...ti...nó...po...le! meu canto na voz
meus deuses, meus mitos rogai por nós



Por quantos séculos

Por quantos séculos
o enigma dos deuses indecifrável?
Por quantos haras
apaziguado a imensidão dos pastos?
tumbas tombadas pela praga de lúcifer
que cairá sobre mim
antes do pôr-do-sol
antes do anoitecer
Eu fui o escolhido
para o açoite final
– o desamor

Fotografia do tempo

Sou a puta maior
desse cabaré
a orquestra não toca
nem tocará outra vez
todos parados no salão
olhem bem a dama
sem salto
dessa vez sem riso
arranhada
sangrada
riscada para sempre
dessa fútil e perdida ilusão



Insensível

Eu vou ser melhor que você
maior que o seu capricho
superior a seu desapego
Eu venço você...
Sobrevivo
você faz companhia o chapéu na cabeça
cigarro na mão
fumaça no ar para que eu esqueça
Eu vou ser infinitamente insensível
e não procurar por você
não me interessa a hora
Eu ignoro o dito
desprezo a palavra delicada
a prece talhada em nossos corações

Faróis

A cegueira encandecida dos faróis...
fachos de luzes
no beco de vidro
a espelhar a luz da vida
repousada em nós

Vitrine

Por quanto tempo
serei desimportante na vitrine
de tua insensibilidade?
Por quanto tempo
estarei a cantar a melancolia
desse desencontro?
“Qual de nós mais desesperado
na luta por qualquer causa perdida?”
sangrados
sagrados
desregrados
nesta busca desenfreada
Por quanto tempo
O brilho nesses faróis umedecidos
por tantas coisas incompreendidas?
Por quanto tempo
nós dois
deuses vencidos e não vencedores
de laços e amarras?
Qual de nós bicho mais brabo
sem pouso
sem aconchego
cúmplice do desassossego?

“ Entre aspas” – Marcelo Costa referindo-se a Causa Perdida


Desordem

Não te digo
o mistério da hora
nem o pouco perigo do isqueiro
a esquentar a cigarra
Não te digo
a ordem
nem venha o beijo a fora
só o pulsar do sangue em nós
a mim consola...


A hora da partida

Parte a noite
o navio a velas
luzes sobre mares bravios
a buscar a pernoite
de sonhos norte
errantes apreços
naus sem endereços
de esculpidas mortes


Portal

Não canto nem conto
a dor da minha partida
Sou próprio
de qualquer um impróprio
Não canto nem choro
nem olho o espelho
sou móvel
poucas vezes estático
lanço feroz o arcabuz
na própria vida
dito meia regra
quando alguns piscam
a triste partida


Talvez

Eu nem sonhava
o tal...
completo...
talvez...
incompleta vez...

Noites reinventadas

Quantas noites me senti assim
Espicaçado
Mortificado
pela palavra do deus da morte?
Os deuses castigam, são severos
Impiedosos
quando tramam suas vinganças torpes
Eu fui o escolhido
rei de uma senzala
a guardar o frio sangue
de seus flagelos e missas pagãs


Cidade dormitório


Fortaleza
terra da luz onde o brilho é opaco
Fortaleza
de falsos valores
de pobres amores
tu me rejeitas
Fortaleza
prostituta dividida entre mansões e favelas
realidades extremas de tantas barras
tantos pirambús
tantas voltas juremas
Fortaleza
chique e cafona
tu me assassinas e não patrocinas
minha arte de poesias vazadas
no centro da noite
mas renasço nos raios de teu sol
que encadeia e corta
a palavra parida na favela
Fortaleza
caldeirão de poucos milagres
tu me renegas
mas eu me vingo de ti
Fortaleza
pernoitada por reis magos
no cais de porto caído
Fortaleza
mancebo da mídia de pouca luz
expoente máximo acorrentado
“luz média”
Fortaleza
abismo dos artistas
lançados no precipício do sonho
atirados na ressaca
de um mar
sem dragão
quando não dragão sem mar

Vidas de ventos e velas

“Vidas de ventos e velas”
choram e cantam os corações
palavras fortes e fracas
de um tal poder pontiagudo
batizadas na instância de sopro
brisas e mares
“Vidas de ventos e velas” no verso
verdade condensada para nós dois
talvez depois
também palavras
enchentes de vidas
ventos a soprar meias velas

“Entre aspas” Jessê – porto de solidão – vidas de rimas e velas.

Adoravéis mitos

O mito é forte
quando permanece no segredo da morte
envolta o vulto, o véu
Os deuses perdem seus enquanto
quando mortificam seus encantos
e abrem suas chamas
e revelam suas amálgamas


Cenas improváveis

Havia na tarde
a cantilena de um amor
reciclado a paciência...
um bastão erguido a seco punho
te ter comigo para teste
um fim de herói clássico
em cenas mudas

Leopardo

Eu sou noturno
sobrevivente
gatuno
surdindo o passo
andante
rasteiro
o luxo do lixo

Tempo final

Já torrou a paciência
já nasceu a raiva
já inventei o ódio
já perdi o trêm
já concordei também
já esperei na bestialidade do engano
já pus as barbas de molho
já criei coragem
já se fez aviso
já é chegada a partida
já é dia nascido e noite rompida
já é gosto
já é pouco
já caiu o pano
é fim de comédia

Essencial

Dependente
submisso
espicaçado
ansioso
vulnerável
ao teu abraço

Perdidas ilusões

Um silêncio mortificado
na desmitificação dos mitos imitados
- nós dois insoluções
a aflição de um amor
condenado à sangue e fogo
desde a disputa de Tróia
a bela Helena já ensaiava sua
cena e me deu por herança
a sua coroa sem pedra
–no entanto nobre

Sobre nós

Não precisa dizer
a minha sentimentalidade já é relato
denúncia
escapismo
“a alma lírica, orquestrada”
foguetes fogos saltitantes
artifícios
faíscas
nós dois
em nossos olhos espelhados,
refletidos na mágica do entalo
sopro de vida
já dita e vivida
no entanto contemplada
suavizada em nossos corações...

“Entre aspas” Diogo Fontenelle ao apresentar – Ventos Impetuosos


Semi deus


Dádivas
de um Deus maior
infinito
sublime
para o semi deus (eu mesmo)
pagão de lendas e crenças
semi deus sem ira
sem eira
sem beira
apaziguado
mitológico na era do sol
costelado a estrela Guerra
a vencer batalhas
tramas
Dádivas
de um Deus maior
para o discípulo pagão
semi deus da tua ganância
semi deus de cor negra
a provocar os povos e seus conchavos
seus amores e desafetos
semi deus da palavra
pré-histórico
atual
lendário
fragmentado no amor
semi deus tatuado
acorrentado
escravizado por ti
um deus menor

Poeiras de estradas

Eu quis para sempre
esse encontro para nós
dois marcado pelo ato mais simples
pela poesia santa e ingênua
Eu quis para sempre
esse teu abraço
enrolado no meu apego maior
e nós dois triunfantes
na travessia dos lagos vilas e sossegos
Eu quis para sempre
o nosso beijo na boca olímpico
Eu quis para sempre
esse meu querer em ti querer

A beleza e o ventre

A beleza nasceu do ventre
e a verdade que éramos nós
foi fugaz
será que conseguimos mentir
com tanta verdade?
Sabe o que penso?
Que o tempo passou
e parou no repouso dos esquecidos
Tenho uma sensação densa que envelhecemos
e não resta nada para recomeçarmos
mas se a beleza nasceu do ventre
perto de um coração selvagem
a sensibilidade ainda sangra
o verso quente
todos os direitos reservados a Antônio Marcelo

NOSSO MAIOR PATRIMÔNIO SÃO AS PESSOAS DE BEM

Somos Gente de Expressão e Temos a Arte Tecida a Mãos Poéticas


Esse blog objetiva aproximar nossos artistas e nossa gente de uma cultura essencialmente capaz de promover na História de Martinópole, um divisor de águas. Aqui serão postadas informações de relevante contribuição a nossa gente, a nossa memória. É por toda cidade, é por todo cidadão e cidadã, por toda criança e jovem, por toda cidade que trabalhamos a arte como redentora de um povo. Todos os pensamentos que precisam ser reavaliados só serão aptos a essa reavaliação ante a magia do saber.
Martinópole ainda é a velha Angica (seu primeiro nome) e estava necessitando urgentemente de repaginar sua história. A cultura é o unico caminho a exercitar sua identidade real e por isso complexa. A cidade recebe das maõs de seu filho artista, A CASA DA CULTURA, que virá a sediar imparcialmente nossos feitos e nossas manifestações, ora ainda em resquicios primários.
Martinópole espera por você. Este blog é destinado aos amigos, aos artistas, historiadores, poetas, enfim pessoas que amem Martinópole e tenham interesse em pesquisa e mapeamento cultural de nossa gente... Martinópole com a velha estação espera pelos colecionadores de lembranças para narrá-las de alguma forma. Entrem. participem e contem suas histórias...
Durante o dia, os banhos de açude são a principal atração. A noite, tem pracinha, tem sorvete e pipoca. Tem crianças sorrindo, e velhos amigos a jogarem conversa fora. Não deixem de olhar Martinópole. Uma cidadezinha, que não está perdida no mapa, uma cidadezinha que espera sua visita, um aconchego, braços abertos para lhes receberem. Contem aqui seus feitos, sua cultura, sua idéia. Divulguem os eventos desta cidade.
Martinópole traz em suas veias, linhas mal escritas culturalmente porque sempre faltaram sensibilidade e incentivo nesse aspecto. Mas Nosso escritor maior - Antônio Marcelo Carneiro - está de volta para reescrever a história, contar e grifar toda a expressão de sua gente que tambem será colorida por maos artisticas de pintores que sonham colorir nossa cultura e nossa história.
Sejam Bem Vindos!