sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

MARTINÓPOLE.COM Entrevista Antonio Marcelo c. edição 1


Domingo, 23 de Setembro de 2007

Edição Especial 01
Martinópole.com


UM PONTO NA REFLEXÃO.

Deus dá o dom para cada um de nós.... Deus fez o homem livre, mas a sociedade constituída pelas leis dos homens, fez o homem um ser aprisionado por dogmas e estigmas. Quando Deus fez o homem , ele, eu creio, que não fez distinção de cor, nem raça, nem sexo. Todas as formas de prisão estão atreladas a vontade de uma sociedade autoritária e pouco humanista. Será que o negro nasceu para servir o branco? Claro que não, mas isto foi registrado pela história. Será que a mulher veio para servir o homem? É lógico e evidente que não. Mas o machismo achou meios para povoar este conceito na consciência da humanidade.
E a juventude que rumo está dando para o seu encanto? Que Influência sócio-cultural ela está recebendo? O ser humano parece que está em desencontro consigo mesmo. Tenho me perguntado em que e em quem podemos acreditar? E por que acreditarmos? No novo que se ergue? No velho que parece perder a força, mas não se entrega? Onde estão nossos sonhos? Nossos ideais? Será que eles foram vendidos? Não, não foram. Nenhum de nós seria canalha para negociar a nossa essência humanamente diversa. Nossos sonhos, nossos ideais foram roubados pela canalhice humana de outros que se transformaram em ídolos, em pessoas de nossa inteira devoção; e são estes, os ídolos, que castram a nossa liberdade, que corrompem a nossa dignidade. Nossos ídolos são admirados por nós e como eles nos olham? Infelizmente, muitas vezes não somos e nem fomos olhados. Nossos ídolos não nos olham porque têm a mente e o coração fechados em nome de uma prepotência arrogantemente assumida. E não enxergam que dentro de nós, existe um ser pensante que sonha, que acredita, que ama, que chora e rir. Somos sentimentais, e isto é bom porque estamos interligados com a pureza, com a inocência. Esta sim, a inocência, ninguém nos rouba, é tanto que ainda acreditamos em nossos enganadores, em quem nos traem. Nos mostramos, quase sempre, fracos, frágeis, mas não somos. No dia em que ficarmos de frente ao nosso espelho real, podemos perceber que somos fortes, e capazes de provocar mudanças em nós, no outro, e deixar que isso reflita no contexto social em que vivemos. Os doutores, pseudotratadores, da gente e da sociedade, que ajudamos a construir não conseguem mais na impercepção curar os nossos males que são ainda discutidos na sociologia humana, que ainda provoca miopia em cada um de nós que aprendemos a confundir bondade nossa com direitos negados.
Somos capazes de causar uma revolução interna dentro de nós, em busca de respostas filosóficas, abstratas ou concretas, sociais e psicológicas, humanas e culturais na perspectiva de conhecermos o novo. Não estamos condenados a uma vida inteira de tentativas frustradas. É preciso silêncio para que haja compreensão de nós mesmos ante a magia do verdadeiramente ainda não vivido por medo, por tentativas interrompidas na incivilização daqueles que comandam nosso espelho pelo avesso... Os homens que administram nossa invenção poética não querem que nossa voz se manifeste. O nosso pensar para eles representa o perigo e a ruptura com um sistema falho e enganador. Não precisamos de ídolos, precisamos de pessoas que saibam erguer as mãos, que compreendam o aguçar do ouvido na aprendizagem do ouvir.




Entre.....vista

Por dentro do pensamento
de Antonio Marcelo Carneiro



Navegue pela net, clique na barra de endereço, delete o que tiver nela, e digite: www.orkut.com Clique no seu link e acesse a comunidade “Sou de Martinópole” ou “Amigos de Martinópole”, e lá vai estar Antonio Marcelo C por excelência. No perfil há palavras fortes, frases intensas que apresentam o ator e escritor Martinopolense. Antônio Marcelo Carneiro, no começo dessa entrevista, sorri e diz – “Muito prazer, sou de Mart” (nome abreviado para referir-se a cidade onde nasceu). Sobre a mesa são contadas as peças de teatro que ele escreveu e montou em Fortaleza: Saga Nordestina, Sem Licença para Amar, Victória Capuleto, O Beco. A Dama dos Desprezados, Eu Sou Antes, Eu Sou Quase, Eu Sou Nunca, Canapum e Capunet nos Tempos da Brilhantina, Na Minha Piscina de Azulejos Azuis Nem Morta, No Escurinho do Cinema, Nosso Espetáculo É Uma Graça, Amigos para Sempre e Amores Marginais. Dirigiu também peças de outros autores, no projeto ABC montou com crianças e adolescentes peças que não podem ser esquecidas em seu histórico artístico: Cinderela, A Bela Adormecida e Alice no País das Maravilhas. Ganhou prêmios de melhor diretor, melhor autor e também prêmio em categoria especial. Fez parte do Grupo Balaio de Teatro que foi o guardião do Teatro Cearense. Antes do fechamento do Teatro do Ibeu-Ce, deu seguimento as suas atividades somente no Grupo que fundou há onze anos – QUIMERAS DE TEATRO.

Com sua saída de Fortaleza, o Grupo Quimeras de teatro chegará ao fim?
Nunca. Estou passando a tocha de líder. O Grupo está sendo passado para boas mãos. E eu estarei sempre participando das decisões importantes sobre o futuro dele. Não estou me desligando, estou voltando para a minha terra, e vou ver o que pode ser feito por lá. Vou fazer teatro, nem que seja eu e a patativa. Eu interpreto e ela canta.
Quem é Patativa?
Uma senhora de Martinópole, não conheço, me disseram que ela batalha pela música. E isto já é um motivo. Alguém por lá, acredita na arte.
Orgulho de ser Martinopolense?
Há emoção. E toda uma história que esta refletida em uma composição do Carlos Augusto que fala que quem conhece Martinópole jamais esquece. Nesta cidade nasci e me criei. Eu teria um orgulho impar, se eu visse o povo bem cuidado, meus amigos em desenvolvimento, meus familiares com uma perspectiva melhor, mas sobre isso houve um impedimento. Um impedimento muito particular que é reflexo direto de administrações sem embasamento cultural social e ético.
Quem?
Não há porque apontar. É todo um sistema nascido antes de nós. Nossa cidade tem 50 anos de história, ou seja, de emancipação. Mas antes já havia resquício de uma sociedade que se formava. E uma política me parece ser discípula de outra. Quem veio depois apenas recebeu a tocha, e isto é imoral. Imoral porque é perceptível que todos se formaram na mesma cartilha.
Você acha que pouco foi feito?
Pouco. Um município é fácil ser administrado, desde que haja pré-disposição política. Temos políticos gananciosos. Exemplo disso é ver uma bajulação muito própria ao poder. Por muito tempo houve grandes ensaios de tomada e retomada, mas caímos na mesmice. Há também, aqui, isto é inegável, uma paixão pela política que é sentida pelo eleitorado, mas isto precisa ser aliado a razão. É preciso pensar no que queremos e para onde vamos? Ou aonde iremos chegar?
Por que esse cartaz chamando os pensadores da cidade?
É um grito de alerta. É um chamado para que os que aqui estão se juntem, se somem. Dividir não é mais a saída. Uma cidade em desenvolvimento é referenciada pela cultura, pelos eventos sociais, pelo desenvolvimento humano de seus filhos. No cartaz é alertado que os que foram embora tinham relevante contribuição a dar. Eu fui embora levado por um sonho, o fazer teatral. Eu levei a bandeira da cidade. Em todas as entrevistas que concedi sempre mencionei Martinópole. Esta cidade é a raiz de todos nós, e ela não pode ser arrancada de nossas entranhas. A cidade é o espelho da sociedade, e vice versa. Nos anos 80, com a chegada do padre César, Martinópole teve uma efervescência cultural. E se tivesse havido apoio, o movimento não teria acabado. Até banda musical tínhamos. Hoje nossos músicos precisam ir para cidades vizinhas. A construção do salão paroquial deveria ter sido um divisor de águas. Está faltando alguém para sistematizar esse divisor.
A cidade teve novas construções, isto é visível.
Visível. Assim como visível é saber que uma pessoa que não tem nenhum conteúdo humano, está vestido com roupas de marcas caríssimas, mas não passa disso. As belas construções são fachadas, tem pouca utilidades. O Centro Cultural, para que exemplo maior? Um clube com piscina, com toda uma estrutura, abandonado. Quando houve um espetáculo ali? Em 2005, eu trouxe a Martinópole um espetáculo teatral – “Amigos para sempre”. Que foi um espetáculo comemorativo aos meus dez anos de teatro. E nele, está contida esta cidade, nele, eu homenageio as pessoas que me incentivaram a fazer teatro. E foi aqui. Eu comecei aqui. E quem poderia imaginar que hoje eu estaria registrado na cultura cearense? E assim como eu, nesta cidade tem talentos que precisam despontar. Falta ai determinação. E voltar hoje, me percebo em choque, em emoção detida em um projeto meu que é voltar. E outro que é a luta pela sobrevivência. Porque há uma incógnita meio a uma política acultural toda pautada na incoerência, mas tudo é possível.
Você tem medo de voltar?
Medo não. A minha natureza é arisca. E eu sei que sou bem vindo, aqui, eu não fui esquecido. Mas há sim uma preocupação. Eu volto com um projeto, uma proposta cultural para nossa gente. E gostaria de ter uma resposta positiva a isso. Defendo uma casa de cultura que exista, que funcione e possa agrupar os interessados sem nenhum aparthaid cultural ou mesmo político.
Por que não voltou antes?
Há tempo para tudo na vida. Mas é interessante, em 2004 estive aqui, e encontrei no cargo da cultura, uma pessoa sem a menor bagagem cultural, sem nenhuma referência artística. Uma pessoa vinda de Fortaleza que ninguém conhece por lá, que nunca foi ator, nunca foi escritor, nada. E aqui mesmo havia gente capacitada para o cargo. Não entendo o que se passa na cabeça do poder. É necessário valorizar nossa gente. Tem profissional daqui no setor da educação dirigindo colégios em Fortaleza, quando na verdade, esse profissional queria estar aqui. Muita gente boa está fora por falta de opção, mas eu sei que elas gostariam de estar contribuindo com o desenvolvimento de nossa cidade. E por que não voltei antes? Por diversas vezes, tentei voltar, mas eu trazia essas mesmas propostas e me deram o silêncio como resposta. Não quiseram minhas idéias, elas foram deixadas para depois. E este depois chegou. Estou voltando por conta própria, por vontade minha que é estar aqui. Estarei vez e outra fazendo trabalhos em Fortaleza, mas minha residência é aqui.
O festival junino de 2004?
Eu estava na cidade e fui convidado improvisadamente para compor o júri. E aquilo foi um gesto lamentável. Logo após oficializar o resultado, me retirei do Clube... a quadrilha vencedora naquele ano foi a quadrilha de Cariré, e quando retornei ao clube mais tarde, a quadrilha vencedora havia sido desclassificada. Ou seja, a melhor quadrilha não recebeu o prêmio porque houve um boicote. Na noite posterior, me recusei a fazer parte do júri. Não somos marionetes para acatarmos manipulação. Manobras e golpes desse gênero só esvaziam a cidade, porque ninguém é bobo para voltar a um festival promovido a conchavos e negociatas. A tradição é destruída em nome de picuinhas e eventos mal ensaiados.
Quem hoje faria cultura nesta cidade?
Qualquer pessoa que tenha sensibilidade poderia se engajar nisso. Hoje não há dúvida, Carlos Augusto é o expoente máximo, referindo-se a cultura musical. Tem gente que não comunga com estilo musical, mas não deixa de ser a referência que temos. Agora peguei para ler um livro do Adauto Monte sobre a história da cidade, mas ainda não encontrei nenhum registro cultural nele, o livro está mais voltado para a política mesmo. E eu gostaria de ler e ter a certeza que é um livro imparcial. Quando um historiador se mostra imparcial a obra tem um valor universal mas estou observando que o livro conta apenas um período da história. Ou seja, fatos mais recentes. Inácio Paixão, Tânia Salomé também são nossa referência. O Inácio precisa ser revisitado, ele tem potencial artístico; Tânia Salomé está no Acre, e escrevendo para teatro. Não posso esquecer o Megilino que é uma pessoa sensível as manifestações artísticas, que escreve também. Agora o meio não o deixou desenvolver sua arte, mas é uma pessoa politizada, informada sobre o que acontece no país. E quero essas pessoas do meu lado. Preciso também rever se Simião Moreira (Que era tio do meu pai) deixou alguma coisa escrita. Ele era um repentista, um poeta apaixonado pela literatura de cordel. Estamos divididos, estamos vivendo em centros diferentes. É preciso unificar a cultura através dos que existem, esquecendo essa bobagem de política A e B. Se não for feito isto, iremos desaparecer no mapa. Já perdemos o titulo que era nosso: a terceira cidade em produção de castanha do Ceará. Então, toda soma que venha a ser em beneficio da cidade será bm vinda. Acredito que agora em 2008, a geração dos anos 80 possa ser percebida e retomada pelas gerações 90 e 2000. Precisamos de apoio, e todo mundo será bem vindo: músicos, poetas, pintores, atores, artesões, educadores e pessoas que tenham interesse em ajudar porque gostam de cultura. Vejo nisso a nossa alternativa. Queremos gente para somar. Tem um rapazinho, bem jovem que é um pintor, tem uma pintura bacana, mas que está se perdendo por falta de oportunidade. O Paulo Henrique não pode trocar as telas pelas paredes. Eu lamento sempre que vejo um artista sufocando sua arte.
Você vai entrar na política?
Eu já entrei. Sempre tive convicções políticas e partidárias. Muito antes de votar, eu já fazia campanha para o Lula, para Maria Luiza Fontenele, Rosa da Fonseca, Moema Santiago e muitos outros. Tive boas referencias na política, principalmente as femininas. Acredito na garra da mulher. As mulheres geralmente têm mandatos mais generosos porque todas são mães, e as mães vivem intensamente o amor maternal que pode refletir na política com muito peso na hora de administrar. Em Fortaleza fiz parte da geração cara pintada, cheguei no final do movimento, mas deu tempo dar minha pequena contribuição. E agora é hora de trazer minha contribuição direta ao lugar onde nasci.
Nas eleições de 2008, poderá haver surpresas em Martinópole?
Eu não diria surpresa, mas uma resposta provocada pelo profundo cansaço que as pessoas sentem e já não podem mais esperar, as pessoas estão cansadas de discursos vazios e bajulações supremas. Há uma disputa em Martinópole que é mais luta de ego do que mesmo disposição para administrar. E a cidade não pode ser refém de egos que se inflamam. Este astrocismo precisa chegar ao fim. Vivemos aqui, um sistema político convicto que somos míopes, mas não seremos sempre.
Cansaço?
Sim, cansaço. E este cansaço se dá em muitos setores, é geral. Na saúde, bem recente houve a morte de uma jovem provocada por negligência médica. É um absurdo uma paciente ficar em coma numa cidade totalmente sem recurso hospitalar. E até quando ficaremos a mercê disso? Até a hora que somos atingidos diretamente? Acontece muita coisa, acidente envolvendo trabalhadores, por falta de segurança do trabalho. E nada acontece, não há nenhuma reparação aos danos, quem perde são as vitimas e seus familiares. Há problemas de pessoas que completam o tempo de se aposentar, e não conseguem porque não são instruídas e o poder publico vai levando como quer. Porque falta boa vontade. Então tendo em vista todos esses contrastes silenciados é possível que haja uma resposta e não uma surpresa. E por falar em cansaço, não se pode excluir a juventude, que não vê nenhum horizonte se não sair da cidade. É como se a saga se repetisse. Que projeto há voltado para ela? Nenhum. A cidade não oferece alternativa, até mesmo as diversões são raras e escassas. Os clubes são fechados a meia noite, e as pessoas se espalham pela cidade e deixam de ser o foco principal. Se esta é a melhor forma de proteger a juventude, é uma forma equivocada. Qual o projeto temático voltado para a criança? Não existe. Em 2006, a Secretária de Cultura do Estado fez o mapeamento cultural do Ceará, e Martinópole não está incluído porque não houve nada que fosse relevante para o município. É por isso que acredito que não podemos aceitar nem o passado como era, nem presente como está. Quando o povo desperta paixão não há milhão que vença a emoção, e acredito que Martinópole vai se apaixonar por um novo ideal, que é reconstruir a nossa sociedade, que é apagar o marasmo e fugir da mesmice. Bem no inicio dos anos oitenta, o Luis Boa Vista brincava o reisado, e era de uma simplicidade gigante, aquilo. Tinha o boi, o velho, a velha, Mateus. Quase vinte anos depois foi que eu fui saber que aquela brincadeira feita nos terreiros das casas das pessoas é importantíssima para a cultura brasileira. O que a gente vê, a gente guarda. E há pessoas que pesquisam essas manifestações. O Oswald Barroso que é um pesquisador, seria capaz de vir aqui entrevistar o Luis Boa Vista sobre essas apresentações. Vi algumas crianças ensaiando aqui, em 2004, elas tinham uma bandinha de música. E essas crianças precisam de incentivo. O Valdélio e o Netinho da Adriana são de um talento impressionante! Essas crianças de hoje serão adultas amanhã. E o que será feito do talento delas?
Em Martinópole existem dezenove associações beneficentes, você pretende trabalhar com elas?
Tomei conhecimento dessas associações através de papéis. Mas não sei do que se trata, e nem o que elas pretendem. Essas associações estão no astrocismo. Ninguém vê nenhuma ação social onde elas sejam promoventes. Talvez uma delas sim, tenha contribuído com algum projeto comunitário. Tem uma que é presidida pela Fátima Leda, e me parece que ela conseguiu verba para construção de casas populares. Mas as outras não tomei conhecimento. Podem até existir, mas eu desconheço. É importante termos coisas funcionais, para que mais burocracia? Essas associações tem presidentes, vice presidentes, mas não sei qual o objetivo. A criação da bandeira do município é um fato que tem uma importância significativa. Esse fato é mais interessante , gosto de ação. Por exemplo, tanto o poder público quanto essas associações poderiam ter investido nessas coisas que seriam um marco para a cidade. Dezenove associações que não funcionam porque estão e são facções aleatórias. Se essas pessoas trabalhassem unidas, talvez tivessem atingido seus objetivos. Em fortaleza estive engajado com pessoas ligadas a cultura, a arte em geral. E a minha turma era a turma do sim. Os grupos se ajudam entre si, as pessoas. Um dos meus maiores desafios para 2008 é publicar um livro com os poetas de Martinópole. Organizar festivais de teatro, dança, palestras se torna mais simples. Pretendo apresentar uns quatro espetáculos aqui, um infantil, um teatro de rua, uma comedia, um espetáculo mais sofisticado que é para levar a reflexão. Essas outras atividades não requerem tanto recurso quanto a publicação, mas penso que vai ser possível. Em martinópole também haverá gente para dizer sim, vamos fazer. O primeiro passo ai ser reunir todo mundo, fazer um mapeamento, depois organizar as coisas. Este desafio é meu.... quero fazer parte desse tempo. Esta será minha contribuição como cidadão martinoplense.
O Historiador Marcelo Farias Costa, nesse ano de 2007, em setembro, lança um livro que reúne os artistas que aconteceram no Ceará. Nos últimos anos, o seu nome é um dos mais citados( Antonio Marcelo interrompe)
Isto só me traz alegria. O livro é o TEATRO EM PRIMEIRO PLANO... e tudo parece chegar na hora certa. Com esse livro é como se eu fechassem um ciclo e abrisse outro. Muito bacana abrir o livro e ver meu nome se repetindo , ver minhas peças de teatro que escrevi e dirigi, ver a cidade que eu nasci registrada em um livro por participação minha. Uma vez alguém daqui me perguntou que contribução eu havia dado a Martinópole. Aqui está a resposta. .Em um novo registro eu gostaria de ver a cidade de Martinópole sendo referência. Estou aqui para descerrar as cortinas. E mostrar o mostrável, dizer o indizível, e sonhar o sonhável,, mas na afirmação de uma ação estratégica. E isto que eu falo é movido a certeza de saber que é algo que pode ser concretizado. Fazer arte é simples, basta ter sensibilidade.
Dá tempo tudo isso em um ano?
Dá sim. Dá tempo causar efervescência. A não ser que a população não queira. Mas eu sei que quer. As pessoas gostam, só não foram motivadas. E também não é um projeto para acabar em um ano. Eu gostaria de plantar a semente. Em Baturité, existe um grupo de teatro, eu os conheci há dez anos, e eles fazem coisas fabulosas. Aracati está produzindo, Icó, Crato que é considerado o berço da cultura cearense, Iguatu, Palmácia, Redenção, Sobral. E Martinópole vai produzir também. Há condições de fazermos um teatro aqui de qualidade e fazermos temporada em fortaleza e em qualquer outra cidade. A zona norte precisa ter referência, e eu tenho um compromisso com a minha cidade que vai além do laço umbilical. Não quero ser único na cidade, quero fazer um diferencial na soma de nossa cultura. Se forem dez artistas, comigo seremos onze.
Sobre esses festivais? O município irá concorrer?
Não. Temos que ser imparcial. Aqui duas observações. Os festivais inicialmente deverão ser locais. Quando se tornar intermunicipal, os grupos, ou o grupo, da cidade deverão ter participação, mas não concorrerão. Não é ético os que organizam concorrer. Também é cedo para se falar sobe isto. E depois, mais importante que caçar prêmio é ter um histórico reconhecido e respaldado no politicamente correto. Naquele festival junino, achei alguns grupos pretensiosos. Quem decide se o trabalho é bom ou não, é o júri e o publico. Os envolvidos jamais deveriam abrir a boca e dizer nós merecíamos ganhar. É muita coisa para ser feita. Esse salão paroquial foi inaugurado com uma juventude atuante, precisa ser ativado, aquele encontro que houve aqui reunindo Martinópole, Uruoca, Senador Sá foi lindo. Estamos carentes disso, a praça precisa ter atrativos, gente, nós estamos vivos e somos gente da gente. Na inauguração desse salão teve uma apresentação do can can que foi fantástico, as meninas apresentaram uma dança fidedigna a uma representação profissional. Precisamos arregaçar as mangas. Não podemos esperar pelo poder público, ele não fará. Esse salão paroquial deveria ser o nosso teatro, o palco da cultura Martinopolense, tem uma estrutura adequada. Em São Paulo espaço bem menor do que ele, é ponto de encontro da cultura paulista. Como é o caso do Satyros, um espaço que vem sendo badalado e está em evidência. Conheci o Satyros em 2005, em 2006, o espaço estava dez vezes melhor. Ai entra a capacidade humana em apostar, em querer, em fazer.
Isso requer gasto? De onde sairiam esses recursos?
É preciso planejar. Primeiro se detecta a deficiência. As pessoas, a população é generosa. Todo mundo sairia beneficiado. Qual o pai ou a mãe que não gostaria de ver seu filho envolvido em ações sociais e culturais? Fazer arte é aprender a pensar. Todo artista se desenvolve como pessoa. Mente vazia ou ocupada com futilidades é que destrói a capacidade do homem de pensar e se tornar melhor. Sobre recursos? O artista vive de patrocínio. Se houver equipes dá se um jeito. Agora, eu também preciso me mantém, e pretendo ministrar cursos, oficinas que é isso que faço em Fortaleza. E esses cursos seriam ministrados a peço popular. Se algum empresário da cidade for simpático a causa pode também contribuir. Pretendo percorrer também as cidades vizinhas. Acredito que a cultura da zona norte quer emergir. Precisa viver ou mesmo sobreviver. Quero dialogar, desde que isso não venha a provocar nenhum dano ao meu projeto. Os projetos são negociáveis, as ideais não.
Essas idéias são suas?
Claro. Quem já pode fazer antes e não fez, não fará agora, nem depois eu estou a frente disso, e tenho propostas sim. Volto com a cara e a coragem, somente. E estou trazendo minhas idéias agora porque vamos vivenciar um novo momento. Estou
É fácil ser artista?
A arte é sempre um desafio. É inovação, é desafiar mesmo o instinto e a consciência e quando é proposto isso, as vezes, há um choque. Mas com certeza as crianças terão peças infantis para assistirem aos sábados, e os adultos terão a opção de escolha. Quero promover palestras sobre comportamento, sociedade, homens, mulheres, sexualidade, juventude. Há uma abertura para caminhos diversos.
A arte é precisa?
É fundamental. As grandes civilizações são detentoras da arte. Todo artista pensa, e onde se pensa se constrói.
fim da entrevista

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